DESMEDICAR A VIDA – UM OLHAR CRÍTICO SOBRE DOENÇAS PSÍQUICAS, DIAGNÓSTICOS PSIQUIÁTRICOS E A EXPANSÃO DA MEDICALIZAÇÃO NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n2-179Palavras-chave:
Medicalização da Vida, Psiquiatria Biológica, Diagnóstico Psiquiátrico, Medicalização do SofrimentoResumo
O aumento do consumo de ansiolíticos no Brasil reflete um fenômeno mais amplo de medicalização do sofrimento psíquico, no qual estados emocionais cotidianos são transformados em diagnósticos psiquiátricos e tratados predominantemente por meio de fármacos. Diante dessa realidade, questionamos: em que medida a expansão dos diagnósticos psiquiátricos e a medicalização da vida impactam a compreensão e o tratamento do sofrimento psíquico no Brasil? Estudos apontam para uma “epidemia do diagnóstico”, caracterizada pelo crescimento exponencial da classificação de transtornos mentais e de seu tratamento com medicamentos psicotrópicos. Teoricamente, a pesquisa se fundamenta nos aportes de Illich (1975), Aguiar (2004), Caponi (2012), Dunker (2015), Freitas e Amarante (2017), entre outros. Metodologicamente, adotou-se uma abordagem qualitativa, embasada em Minayo (2001), de caráter bibliográfico, conforme Gil (2008), e estruturada por uma análise compreensiva, segundo Weber (1991). Os achados revelam que a psiquiatria biológica tem se consolidado como a principal abordagem para lidar com o sofrimento mental, sendo fortemente influenciada pela indústria farmacêutica. A medicalização infantil, por exemplo, ilustra como comportamentos antes considerados parte do desenvolvimento normal da criança passaram a ser patologizados e tratados com psicofármacos. A pesquisa conclui que a medicalização da vida tem gerado impactos sociais expressivos, tais como a dependência crescente de ansiolíticos e antidepressivos para o funcionamento cotidiano, a diminuição da escuta clínica e a substituição de abordagens psicossociais por soluções farmacológicas imediatas. O estudo ressalta a necessidade de repensar o modelo psiquiátrico vigente, promovendo práticas que reconheçam o sofrimento como uma dimensão inerente à experiência humana, e não apenas como um problema a ser medicalizado.