REFORMA DO ENSINO MÉDIO DE 2017: AS CONTRADIÇÕES DO DISCURSO DE MODERNIDADE E SEUS IMPACTOS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev6n4-445Palavras-chave:
Reforma do Ensino Médio, Análise do Discurso, Neoliberalismo, Modernidade, Classe TrabalhadoraResumo
O presente trabalho tem como objetivo desvelar o que está por trás do discurso de modernidade propalado com a nova reforma do Ensino Médio, por meio da lei de nº 13.415 de 16 de fevereiro de 2017, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e, consequentemente, o currículo escolar. Diante disso, para entender os perigos trazidos pela nova lei, para a escolarização dos estudantes de nível médio, recorreu-se à análise do discurso francesa, filiada à Michel Pêcheux em que é possível considerar o discurso como práxis humana, pois este se constitui nas relações históricas e sociais, materializando-se na linguagem. Sendo assim, para compreender os seus sentidos, é necessário um processo de análise que considere as relações entre a língua, a história e a ideologia. Para alcançar esse intento será investigado as condições de produção do discurso que possibilitaram a constituição desse discurso, aqui considera-se a constituição do neoliberalismo como um fator importante para compreender esse processo. Para análise, o corpus de pesquisa foi constituído a partir de uma sequência discursiva do texto da lei que discorre sobre os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação do Ensino Médio para que ao final desta etapa os estudantes passem a demonstrar domínio dos preceitos tecnológicos e científicos que orientam a produção moderna. A partir desta análise foi possível compreender que outras reformas do Ensino Médio já foram realizadas, em contextos similares, sendo interessante notar que há um retorno a outros discursos. No entanto, vê-se agora um neoliberalismo mais profundo, neofacista e autoritário, que faz uso do termo “modernidade” para sucumbir cada dia mais ao direito à vida da classe trabalhadora. Por isso, os estudantes da última etapa da educação básica são direcionados para uma formação superficial que tem como “foco” uma falsa formação científica e tecnológica baseada na modernidade, para desqualificar os futuros trabalhadores e consolidar a ideologia do não emprego.