A DIALÉTICA DA MELANCOLIA: UM MODELO DE ENTENDIMENTO DA PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES ADAPTADAS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n12-024Palavras-chave:
Esquecimento, Formação, Teoria Crítica, Freud, EducaçãoResumo
A partir da problemática da impossibilidade de formação do indivíduo em uma organização social pautada pela barbárie, se analisa a constituição da melancolia, cuja característica de mantenedora da lembrança da dor vivida questiona a sobrevivência em um estado de inversão de meios de fins, que mutila o indivíduo enquanto o convoca a participar de uma realidade alheia à sua realização enquanto tal. Na contramão do que é exigido pela cultura neoliberal, o estado melancólico ao mesmo tempo que manifesta os impedimentos infligidos ao indivíduo, indica a possibilidade de se resistir a essas condições pela renúncia da inverdade do sentido imposto e pode assinalar ainda uma orientação ética-política da ação presente por seu movimento trazer rastros do não-esquecimento, condição fundamental para a reflexão crítica sobre a imposição contemporânea do processo social de adaptação.
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