MOVIMENTE E MÚSICA PARA DESPERTAR: ILUMINANDO ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE DESDE OS ESTÁGIOS INICIAIS ATÉ OS AVANÇADOS DA DOENÇA DE ALZHEIMER
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-196Palavras-chave:
Alzheimer, Qualidade de Vida, Promoção da Saúde, Atividade Física, MúsicaResumo
O aumento global da expectativa de vida nas últimas décadas resultou em um crescimento dos casos de demência, sendo a doença de Alzheimer responsável por 60 a 70% deles. Consequentemente, é necessário e urgente que esse público tenha acesso à promoção da saúde não apenas por meio do cuidado médico e farmacológico — indispensáveis ao tratamento —, mas que esses não sejam as únicas alternativas para melhorar a qualidade de vida. Diante disso, surgiu o Programa MoviMente. A presente pesquisa teve como objetivo criar e implementar um Programa de Promoção da Saúde por meio da prática de atividade física para indivíduos diagnosticados com Alzheimer, bem como avaliar a influência desse programa na qualidade de vida e na aptidão física funcional dos participantes.A pesquisa está em andamento, mas um desafio significativo emergiu, revelando a dificuldade de incluir indivíduos com diagnóstico em estágio avançado nesse programa. Buscando uma forma de desenvolver uma proposta inclusiva que abrangesse todas as fases, a pesquisadora entrou em contato com um projeto espanhol, reconhecido mundialmente, denominado “Música para Despertar”, que utiliza a música para melhorar a qualidade de vida de pessoas com Alzheimer em estágio avançado. Assim, este artigo tem como objetivo apresentar o projeto “Música para Despertar”, seus benefícios na doença de Alzheimer, bem como a aproximação da pesquisadora com o projeto e a possibilidade de sua implementação no Brasil, em conjunto com o Programa MoviMente. Como a memória musical e a capacidade de sentir emoções estão entre os últimos atributos perdidos no cérebro de uma pessoa com Alzheimer, por meio da música é possível trabalhar aspectos cognitivos como atenção, memória, linguagem e função executiva. Isso é alcançado por meio da recordação de canções favoritas que marcaram a história de vida, memórias e emoções associadas, favorecendo uma estimulação cognitiva que permite retardar a progressão da demência ou dos sintomas neuropsiquiátricos. Dessa forma, a associação do projeto “Música para Despertar” ao Programa MoviMente representa uma estratégia valiosa para a realização de um programa capaz de incluir indivíduos com Alzheimer desde os estágios iniciais até os avançados.
Downloads
Referências
Alzheimer’s Association. (2018). Alzheimer’s disease facts and figures. Alzheimer’s & Dementia, 14, 367–429. https://doi.org/10.1016/j.jalz.2018.02.001
Baird, A., & Samson, S. (2015). Music and dementia. Progress in Brain Research, 217, 207–235. https://doi.org/10.1016/bs.pbr.2014.11.028
Bertolucci, P. H. F., Brucki, S. M. D., Campacci, S. R., & Juliano, Y. (1994). O mini-exame do estado mental em uma população geral: Impacto da escolaridade. Arquivos de Neuropsiquiatria, 52(1), 1–7.
Borg, G. (1970). Perceived exertion as an indicator of somatic stress. Scandinavian Journal of Rehabilitation Medicine, 2(2), 92–98.
Brancatisano, O., Baird, A., & Thompson, W. F. (2020). Why is music therapeutic for neurological disorders? The Therapeutic Music Capacities Model. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 112, 600–615. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2020.02.008
Brucki, S. M. D., Nitrini, R., Caramelli, P., Bertolucci, P. H. F., & Okamoto, I. H. (2003). Sugestões para o uso do mini exame do estado mental no Brasil. Arquivos de Neuropsiquiatria, 61(3-B), 777–781.
Christofoletti, G., Oliani, M. M., Gobbi, S., Stella, F., Bucken Gobbi, L. T., & Canineu, P. R. (2008). A controlled clinical trial on the effects of motor intervention on balance and cognition in institutionalized elderly patients with dementia. Clinical Rehabilitation, 22(7), 618–626.
Diniz, A. (2022). Startup espanhola usa música para tratar pacientes de Alzheimer. https://www.radiobomjesus.com.br/saude/saude_child/startup-espanhola-usa-musica-para-tratar-pacientes-de-alzheimer
Encourage TV. (2014). Alive Inside: A Story of Music and Memory – Documentary [Vídeo]. https://youtu.be/x9IHUPamCB4
Folstein, M. F., Folstein, S. E., & McHugh, P. R. (1975). Mini Mental State: A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research, 12(3), 189–198.
Garuffi, M., et al. (2012). Atividade física para promoção da saúde de idosos com doença de Alzheimer e seus cuidadores. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 16(1), 80–83.
Glisoi, S. F. N., Silva, T. M. V., & Santos-Galduróz, R. (2018). Efeito do exercício físico nas funções cognitivas e motoras de idosos com doença de Alzheimer: Uma revisão. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, 16(3), 184–189.
Groppo, H. S., et al. (2012). Efeitos de um programa de atividade física sobre os sintomas depressivos e a qualidade de vida de idosos com demência de Alzheimer. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 26(4), 543–551.
Horak, F. B., Wrisley, D. M., & Frank, J. (2009). The Balance Evaluation Systems Test (BESTest) to differentiate balance deficits. Physical Therapy, 89(5), 484–498.
Kim, M. J., et al. (2016). Physical exercise with multicomponent cognitive intervention for older adults with Alzheimer’s disease: A 6-month randomized controlled trial. Dementia and Geriatric Cognitive Disorders Extra, 6(2), 222–232.
Lourenço, M. V., et al. (2019). Exercise-linked FNDC5/irisin rescues synaptic plasticity and memory defects in Alzheimer’s models. Nature Medicine, 25, 165–175.
Maia, A. C. (2012). Tradução e adaptação para o português-Brasil do Balance Evaluation System Test e do miniBESTest e análise de suas propriedades psicométricas em idosos e indivíduos com Doença de Parkinson [Dissertação de mestrado, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais].
Música para Despertar. (2021a). Marta González "Prima Ballerina" escuchando El Lago de los Cisnes [Vídeo]. https://youtu.be/WzABg24I8KY
Música para Despertar. (n.d.). Mejoramos el bienestar de personas con Alzheimer y otras demencias. https://musicaparadespertar.com/
Música para Despertar. (2021b). Pepe y Música para Despertar - Pienso Luego Actúo [Vídeo]. https://youtu.be/ZUuAu-DDVpo
Música para Despertar. (2023). Webinar Música para convivir con el Alzheimer [Vídeo]. https://youtu.be/pyhFt72Gw7s
Niemann, C., Godde, B., & Voelcker-Rehage, C. (2014). Not only cardiovascular, but also coordinative exercise increases hippocampal volume in older adults. Frontiers in Aging Neuroscience, 6, 170. https://doi.org/10.3389/fnagi.2014.00170
Novelli, M. M. P. C. (2006). Validação da escala de qualidade de vida (QdV-DA) para pacientes com doença de Alzheimer e seus respectivos cuidadores/familiares [Tese de doutorado, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo].
Olmedo, P. (2023). Curso Música para Despertar - Nivel 1 Tutorizado (Ed 25). Notas de aulas. Música para Despertar.
Pan American Health Organization. (2023). Dementia in Latin America and the Caribbean: Prevalence, incidence, impact, and trends over time. PAHO. https://doi.org/10.37774/9789275126653
Papenberg, G., et al. (2016). Physical activity and inflammation: Effects on gray-matter volume and cognitive decline in aging. Human Brain Mapping, 37, 3462–3473. https://doi.org/10.1002/hbm.23252
Passos e Martins, H., & Quadros, L. C. T. (2021). A música como agente terapêutico no tratamento da Doença de Alzheimer. Psicologia em Pesquisa, 15(1), 1–22. https://dx.doi.org/10.34019/1982-1247.2021.v15.29081
Rocha, V. C., & Boggio, P. S. (2013). A música por uma óptica neurocientífica. Per Musi, 27, 132–140. https://doi.org/10.1590/S1517-75992013000100012
Sampaio, A., Marques, E. A., Mota, J., & Carvalho, J. (2019). Effects of a multicomponent exercise program in institutionalized elders with Alzheimer's disease. Dementia, 18(2), 417–431.
Sampaio, A., et al. (2020). Physical fitness in institutionalized older adults with dementia: Association with cognition, functional capacity and quality of life. Aging Clinical and Experimental Research, 32(11), 2329–2338.
SESC SP. (2022). Corrida Passo a Passo - Fase 1: Escala de Percepção de Esforço. https://www.sescsp.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Cards-2-semana-1-Corrida-Passo-a-Passo.pdf
Sherzai, A., & Sherzai, D. (2018). A solução para o Alzheimer: Um programa revolucionário para prevenir e reverter os sintomas da perda de memória em qualquer idade (E. Rieche, Trad.). Best Seller.
Vilas-Boas, S. (2019). A música desperta o coração e a mente. https://repensandoatitudes.com.br/2019/04/14/musica-desperta-coracao-e-mente/
Weinstein, A. M., et al. (2012). The association between aerobic fitness and executive functions is mediated by prefrontal cortex volume. Brain, Behavior, and Immunity, 26(5), 811–819. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2011.11.008
Xavier, M. D. S., et al. (2022). Benefícios da atividade física para a promoção da saúde dos idosos com Alzheimer: Uma revisão de literatura. JIM — Jornal de Investigação Médica, 3(1), 63–71.
Zhou, S., et al. (2022). Physical activity improves cognition and activities of daily living in adults with Alzheimer’s disease: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. International Journal of Environmental Research and Public Health, 19(3), 1216. https://doi.org/10.3390/ijerph19031216
Zucchella, C., et al. (2018). The multidisciplinary approach to Alzheimer's disease and dementia: A narrative review of non-pharmacological treatment. Frontiers in Neurology, 9, 1058. https://doi.org/10.3389/fneur.2018.01058