PAPEL DA CIRURGIA DE URGÊNCIA NA APENDICITE GANGRENOSA

Resumo

A apendicite gangrenosa representa a forma mais grave da apendicite aguda, caracterizada por necrose transmural do apêndice e alto risco de complicações sistêmicas. Este artigo revisa criticamente o papel fundamental da cirurgia de urgência no manejo desta condição, analisando as evidências mais recentes sobre técnicas operatórias, tempo de intervenção e estratégias adjuvantes. A metodologia consistiu em revisão sistemática da literatura dos últimos cinco anos, abrangendo estudos clínicos randomizados, coortes prospectivas e diretrizes internacionais. Os resultados demonstram que a intervenção cirúrgica precoce, preferencialmente dentro das primeiras 12 horas após diagnóstico, reduz em até 60% o risco de perfuração e complicações associadas. A abordagem laparoscópica emergiu como técnica de escolha em centros especializados, apresentando vantagens significativas na recuperação pós- operatória, com tempo médio de internação de 2,3 dias versus 4,7 dias na cirurgia aberta. Contudo, a análise revela que a segurança desta abordagem está diretamente vinculada à experiência da equipe cirúrgica, com taxas de conversão para cirurgia aberta variando entre 8- 15% nos diferentes estudos. Os protocolos de antibioticoterapia adjuvante mostraram-se essenciais, com esquemas baseados em beta-lactâmicos e inibidores de beta-lactamase apresentando eficácia superior a 90% na prevenção de infecções. Particular atenção foi dada às populações especiais, como idosos e imunossuprimidos, que apresentam mortalidade 3-5 vezes maior e demandam estratégias individualizadas. O estudo também identificou lacunas importantes no conhecimento atual, particularmente no que concerne ao tratamento conservador em pacientes de alto risco e ao seguimento de longo prazo. As conclusões reforçam a necessidade de protocolos institucionais padronizados que garantam intervenção rápida e adequada, integrando os avanços técnicos com o julgamento clínico experiente. Este trabalho não apenas consolida as evidências atuais, mas também aponta direções para pesquisas futuras, destacando-se o desenvolvimento de biomarcadores precoces de gravidade e o refinamento das técnicas minimamente invasivas. A relevância clínica deste estudo reside em sua abordagem abrangente e crítica, oferecendo subsídios tanto para a prática diária quanto para o desenvolvimento de novas investigações científicas nesta área crucial da cirurgia de emergência.