JUSTIÇA E SUBJETIVIDADE EM MEDIDA POR MEDIDA: BREVES REFLEXÕES SOBRE DIREITO E LITERATURA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev6n2-085Palabras clave:
Shakespeare, Medida por Medida, Justiça, Hobbes, SubjetividadeResumen
O artigo explora as complexidades entre justiça, poder e subjetividade na obra de Shakespeare, com foco em Medida por Medida. A análise conecta temas shakespearianos a tradições filosóficas e jurídicas emergentes no início da modernidade, particularmente nas tensões sobre autoridade e ordem social. A peça se entrelaça com as visões de Hobbes, Maquiavel e Sir Edward Coke, que debatem o papel da lei e da autoridade central. A Inglaterra do século XVII, em transição entre o feudalismo e o absolutismo, oferece o pano de fundo para essa reflexão. Hobbes, em Leviatã, defendeu um governo central forte, enquanto Coke sustentou a primazia do Common Law e o controle judicial sobre o Parlamento. Essa contenção judicial reflete-se no conflito moral e legal de Medida por Medida, onde as interseções entre direito e subjetividade emergem de forma vívida. Shakespeare, embora não apresente uma posição partidária, articula dilemas que ecoam como preocupações da modernidade sobre o uso da força e a flexibilidade da lei, abrindo margem para interpretações sobre o papel dos juízes e a manipulação de leis em prol de interesses particulares. Esses debates são aprofundados pela leitura shakespeariana de temas como honra, virtude e a tensão entre liberdade e ordem, vinculando a obra a um diálogo contínuo entre literatura, direito e política.