A HISTÓRIA COMO COLAGEM NAS TESES SOBRE A HISTÓRIA DE WALTER BENJAMIN
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n4-301Palabras clave:
Conceito da História, Teses, Walter Benjmain, Memória e reparaçãoResumen
O presente trabalho deriva de uma pesquisa mais ampla intitulada “Nexos entre a Formação Docente e a Cultura Digital: Atualidades Da Teoria Crítica Da Sociedade” que tem como um dos objetivos investigar as contribuições de Walter Benjamin (WB) para a compreensão da crise da educação contemporânea. Neste recorte, abordamos um dos ensaios mais enigmáticos e herméticos do autor, as Teses sobre o conceito da história, de 1940. Tal hermetismo, por contradição dialética, visa e se abre ao desconhecido, sobretudo pela insatisfação do autor diante das interpretações naturalistas e evolucionistas da história, reféns da noção de progresso do historicismo e do materialismo vulgar. No lugar de visões fechadas da odisseia humana no mundo, WB embaralha cartas do materialismo dialético e arcanos da teologia judaica para advogar uma história do desconhecido, dos detalhes, dos cacos e dos restos da produção humana como peças da composição do tempo histórico. Na esteira de Freud, defende que a função do investigador é trazer a lume o que está submerso no iceberg da consciência do ser em si e da história, colando pacientemente cada peça do mosaico de modo a montar uma imagem dialética da história, “que passa voando”. Tal como Freud, em quem se inspirou várias ocasiões, se preocupa com as migalhas de significados de cada evento ‘menor’ e “insignicante”, principalmente com a manifestação de vozes vulgarmente surrupiadas e negligenciadas da história. Nessa abordagem, há uma sensível preocupação ética e reparadora do processo rememorativo individual e coletivo que valoriza o não dito, o estranho, as vozes oprimidas e silenciadas, cabendo ao Anjo da História para recolhê-las, apesar da tempestade que sopra do paraíso.
