(RE)CATEGORIZAÇÃO DE AFETO EM TEMPOS PANDÊMICOS: INVESTIGANDO TEXTOS MULTIMODAIS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev6n4-490Palabras clave:
(Re)categorização, Afeto, MultimodalidadeResumen
A pandemia de COVID-19 e o isolamento social impuseram ressignificações na forma de expressar o afeto. Que atributos de uma realidade percebida se tornaram mais salientes na reestruturação da categoria AFETO? Este artigo investiga a questão em produções multimodais (Forceville, 2008) de modo predominantemente qualitativo-interpretativista, embora recorra à quantificação para minerar os dados (Creswell, 2007). Para tal, configurou um corpus de 263 charges publicadas entre março de 2020 e março de 2022 pelo jornal Folha de São Paulo [on-line] no qual identificou 16 que fogem de alusões irônicas ou humorísticas às posturas do governo Bolsonaro e acionam o domínio do AFETO. A título de exemplo, o artigo apresenta quatro das 16 charges e as analisa à luz da Gramática Visual de Kress e Van Leewen (2006), do conceito de metáfora multimodal (Forceville, 2008) e de conceitos da Linguística Cognitiva (Lakoff, 1987; Langacker, 2008) em uma abordagem sociocognitiva-discursiva (Musolff, 2020; S). Ao contrário das outras charges publicadas no mesmo período, as selecionadas assumem um propósito comunicativo voltado para a agência moral (Johnson; Lakoff, 1999) e inspira novos contornos ao AFETO. Nas charges o contato físico passa a ser mediado por objetos; a vacinação e o uso de máscara passam a ser perspectivados como agência moral. Tal (re)categorização ancora-se nos contextos interacional e sociocognitivo do período pandêmico.
