EXAUSTÃO E DESVALORIZAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE O ADOECIMENTO DOCENTE PÓS-PANDEMIA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-319Palabras clave:
Adoecimento Docente, Exaustão Profissional, Pós-Pandemia, Saúde Mental na EducaçãoResumen
O presente artigo discute o agravamento do adoecimento docente no período pós-pandemia, articulando os eixos da exaustão física e emocional, da intensificação do trabalho e da persistente desvalorização profissional. Parte-se da hipótese de que a crise sanitária não inaugurou o sofrimento docente, mas aprofundou processos já presentes na educação brasileira, como a sobrecarga burocrática, a expansão das demandas socioemocionais e a responsabilização individual pelos resultados escolares. Para sustentar essa análise, o estudo integra dados recentes do Censo Escolar, da PNAD Contínua, dos relatórios TALIS/OCDE e dos documentos da UNESCO sobre condições de trabalho e saúde mental de professores no cenário global. A abordagem combina revisão bibliográfica e análise de indicadores quantitativos referentes a rotatividade, múltiplos vínculos, jornadas ampliadas, afastamentos médicos e intenção de abandono da profissão. O objetivo é evidenciar como a retomada presencial revelou um cenário marcado por burnout, sentimento de inadequação, autocobrança extrema e fragilidade institucional nos processos de acolhimento e cuidado. Ao relacionar o cotidiano escolar às tendências internacionais, o artigo demonstra que o adoecimento pós-pandemia não é um fenômeno isolado, mas expressão de um modelo de gestão educacional baseado em performatividade, aceleração e escassa valorização material e simbólica. Conclui-se que enfrentar a exaustão docente exige políticas públicas robustas, formação continuada sensível à saúde mental e a reconstrução de culturas escolares que fortaleçam o trabalho coletivo.
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Referencias
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