DESCOLONIZANDO A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL – DESOBEDIÊNCIA EPISTÊMICA, ECOLOGIA DE SABERES E EXPERIÊNCIAS ENCARNADO-TERRITORIAL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n5-408Keywords:
Descolonização, Avaliação Educacional, Epistemologias Plurais, Ecologia de SaberesAbstract
Em um contexto marcado pela hegemonia de paradigmas avaliativos que privilegiam uma racionalidade técnico-instrumental, a avaliação educacional permanece, ainda hoje, como um dos dispositivos mais potentes de manutenção da colonialidade do saber. Assim, este artigo busca, de forma crítica e compreensiva, descolonizar a avaliação educacional, propondo caminhos que rompam com o epistemicídio promovido pelas práticas avaliativas tradicionais. E ainda, pretende tensionar a centralidade da avaliação como mecanismo de controle, homogeneização e hierarquização, desvelando suas implicações políticas e éticas na formação de sujeitos. Dessa forma, o objeto desta pesquisa consiste na análise das práticas avaliativas sob a ótica da desobediência epistêmica, da ecologia de saberes e das experiências encarnadas-territoriais. Em outras palavras, busca-se compreender como os processos avaliativos podem ser ressignificados, a partir da valorização de epistemologias plurais, oriundas de distintos territórios de existência e resistência, que, historicamente, foram invisibilizados pelos sistemas educacionais ocidentais. Com o objetivo de investigar alternativas que possibilitem a superação da monocultura da avaliação – entendida como a imposição de um único modelo de aferição do conhecimento –, propõe-se, neste estudo, mapear práticas avaliativas insurgentes e contra-hegemônicas. Além disso, pretende-se evidenciar como tais práticas podem contribuir para uma educação mais humanizada, democrática e situada, bem como fomentar a valorização de saberes locais e comunitários. A partir dessas reflexões, emerge a seguinte pergunta de partida: Como descolonizar a avaliação educacional a partir de uma perspectiva de desobediência epistêmica, que valorize a ecologia de saberes e as experiências encarnadas-territoriais como fundamentos ético-políticos de um outro modo de avaliar? Teoricamente, fizemos uso dos trabalhos de Anzaldúa (2022), hooks (2003; 2013), Connell (2020; 2024), Cusicanqui (2010), Deloria Jr. (1999), Fanon (2008; 2022), Freire (2014; 2013), Giroux (1988; 2004), Kopenawa (2019), Leff (2001; 2006), Mbembe (2021), Mignolo (2006; 2010; 2012), Quijano (2000), Sousa Santos (2007; 2010; 2013; 2014; 2019), Simpson (2017), Smith (2007), Walsh (2013; 2019), De la Cadena (2015), bem como documentos da UNESCO (2019) e ONU (2007), entre outros. A pesquisa se configura como qualitativa (Minayo, 2007), bibliográfica e descritiva (Gil, 2008) e com o viés analítico compreensivo (Weber 1949). Os achados indicam que as práticas avaliativas insurgentes, ao incorporarem as territorialidades e valorizarem as epistemologias plurais, promovem uma ruptura com a monocultura da avaliação, favorecendo processos formativos mais democráticos e situados. Constatou-se que experiências como os círculos de cultura, as pedagogias comunitárias e as práticas dos movimentos de educação popular fortalecem a autonomia dos sujeitos e a justiça cognitiva. Além disso, evidenciou-se que tais práticas desafiam as lógicas homogeneizadoras e tecnocráticas, abrindo espaço para modos de avaliação ético-políticos e emancipatórios.
