OS ARQUÉTIPOS DE CERES E HÉSTIA NA MONOPARENTALIDADE FEMININA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-102Palavras-chave:
Monoparentalidade Feminina, Ceres, Héstia, Cuidado, Políticas PúblicasResumo
Este artigo analisa simbolicamente a monoparentalidade feminina a partir dos arquétipos mitológicos de Ceres e Héstia, de modo a compreender as dimensões emocionais, simbólicas e sociais da experiência de mulheres que assumem sozinhas a criação dos filhos. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e teórico-interpretativa, fundamentada na psicologia analítica, na mitologia comparada e nos estudos de gênero e vulnerabilidade social. Ceres, deusa da fertilidade e da nutrição, representa a força materna voltada ao cuidado, à proteção e ao amor resiliente diante da perda; Héstia, guardiã do fogo interior, simboliza a introspecção, a autonomia e a estabilidade emocional. A convivência desses arquétipos revela a complexidade psíquica e simbólica da mulher monoparental, que transita entre o cuidado voltado ao outro e o cuidado voltado a si. No contexto brasileiro, especialmente na região amazônica, a monoparentalidade feminina se manifesta de forma acentuada, marcada por desigualdades estruturais de gênero, raça e classe, que ampliam a sobrecarga emocional e material dessas mulheres. A análise aponta que a leitura arquetípica contribui para ampliar a compreensão da experiência feminina para além dos indicadores socioeconômicos, reconhecendo sua profundidade subjetiva e espiritual. O estudo sugere ainda que políticas públicas e práticas clínicas devem considerar tais dimensões simbólicas como fundamentais para promover o reconhecimento, o cuidado e a justiça social às mulheres em situação de monoparentalidade.
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