ALTERIDADE, GRUPO REFLEXIVO E SUAS RELAÇÕES COM A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Resumo

Este estudo tem por objetivo compreender como a negação da alteridade feminina sustenta práticas de violência doméstica e familiar, relacionando essa dinâmica com a atuação dos grupos reflexivos de homens autores de violência previstos na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). De natureza bibliográfica, a pesquisa articula teorias da filosofia, ética e educação para compreender as dimensões simbólicas e sociais que perpetuam a dominação masculina. A análise evidencia que a violência doméstica não se restringe a atos físicos, mas se manifesta também em formas simbólicas e discursivas que negam a mulher como sujeito autónomo. Nessa perspectiva, os grupos reflexivos são compreendidos como espaços de tradução ética e simbólica, nos quais o diálogo, a escuta e a reflexão crítica possibilitam a (re) interpretação de conceitos como masculinidade e poder. Nesse sentido, o reconhecimento da mulher como sujeito ético é condição essencial para romper o ciclo da violência e promover relações pautadas pela ética da alteridade. Conclui-se que o reconhecimento da alteridade feminina através dos grupos reflexivos, ao fomentar a responsabilidade e a abertura ao outro, constitui um caminho viável para transformar práticas violentas em experiências de convivência ética e respeito mútuo.