DIRETOR ESCOLAR NO BRASIL (1961–2024): DA BUROCRACIA AO ECOEDUCADOR NA ESCOLA SUSTENTÁVEL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n10-284Palavras-chave:
Diretor Escolar, Educação Ambiental Crítica, Ecoeducador, Escola Sustentável, Formação de Diretores EscolaresResumo
Este artigo analisa a trajetória histórica do diretor escolar no Brasil, entre 1961 e 2024, destacando suas aproximações com a Educação Ambiental Crítica e com a consolidação da escola sustentável. A partir de uma análise bibliográfica crítica, que reúne referenciais nacionais e internacionais, discute-se a passagem de um perfil tecnocrático e burocrático para a emergência do diretor como liderança democrática, pedagógica e socioambiental. O estudo ancora-se em autores como Freire (1996), Gadotti (2000, 2009), Sauvé (2005), Lobino (2010, 2019) e Burns (2016), e apresenta como contribuição inédita a articulação da linha histórica da função diretiva com o conceito de ecoeducador e a proposição de modelos visuais autorais que orientam a formação de lideranças escolares. Os resultados evidenciam que, embora avanços tenham ocorrido com a Constituição de 1988 e a LDB de 1996, persistem lacunas significativas na formação de diretores, especialmente quanto à integração da Educação Ambiental Crítica ao cotidiano escolar. Conclui-se que a consolidação da escola sustentável no Brasil depende do fortalecimento de políticas públicas de formação inicial e continuada, capazes de preparar diretores como ecoeducadores que mobilizem a comunidade escolar para práticas democráticas e socioambientais. Dessa forma, o artigo contribui para o debate acadêmico e político sobre o futuro da educação pública, indicando caminhos para a consolidação de lideranças escolares críticas, participativas e comprometidas com a transformação social.
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