LEISHMANIOSE VISCERAL: ASPECTOS DIAGNÓSTICOS, TERAPÊUTICOS E PREVENTIVOS SOB A PERSPECTIVA DA MEDICINA VETERINÁRIA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n10-278Palavras-chave:
Leishmania infantum, Zoonose, Diagnóstico, Tratamento, Saúde ÚnicaResumo
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de elevada importância médico-veterinária e em saúde pública, causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida pela picada de flebotomíneos do gênero Lutzomyia. Trata-se de uma doença endêmica e negligenciada, amplamente distribuída em regiões tropicais e subtropicais, cuja manutenção está associada a fatores ambientais, socioeconômicos e à presença de reservatórios caninos. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura atualizada sobre os principais aspectos relacionados à LV, abordando sua etiologia, ciclo biológico, manifestações clínicas em animais e humanos, métodos diagnósticos, terapias disponíveis e estratégias de prevenção. O diagnóstico da enfermidade pode ser realizado por métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares, sendo a combinação de técnicas recomendada para maior precisão. Entre os fármacos utilizados no tratamento destacam-se a miltefosina e a marbofloxacina, aprovadas para uso veterinário pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A prevenção envolve o controle do vetor, uso de repelentes, coleiras inseticidas e imunoprofilaxia, embora não haja vacina comercial disponível no Brasil atualmente. A eutanásia, quando indicada, deve ser considerada apenas em estágios irreversíveis, com base em critérios éticos e clínicos. Conclui-se que o enfrentamento da leishmaniose visceral requer uma abordagem integrada, pautada no conceito de Saúde Única, envolvendo ações conjuntas de vigilância, educação sanitária e manejo responsável dos animais.
Downloads
Referências
AMANTE, J. F. A. A. et al. Marbofloxacina induz atividade leishmanicida e menos resposta inflamatória em macrófagos infectados por Leishmania chagasi. Veterinária e Zootecnia, Botucatu, v. 27, p. 1-11, 2020. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/510. Acesso em: 6 jun. 2025.
BALDINI, J. D. A., MADUREIRA, E. M. P. Eutanásia Animal: Um dilema ético. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária FAG, v. 5, n. 2, p. 41-55, 2023. Disponível em: https://themaetscientia.fag.edu.br/index.php/ABMVFAG/article/view/1641. Acesso em: 27 maio 2025
BOWMAN, D. D. Parasitology for veterinarians. 11. ed. Saint Louis: Elsevier, 2021. p. 93- 94.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. NOTA TÉCNICA Nº 11/2016/CPV/DFIP/SDA/GM/MAPA. Brasília, 01 set. 2016. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-pecuarios/produtos-veterinarios/legislacao-1/notas-tecnicas/nota-tecnica-no-11-2016-cpv-dfip-sda-gm-mapa-de-1-09-2016.pdf. Acesso em: 05 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Leishmaniose Visceral. Brasília, DF: Brasil, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leishmaniose-visceral. Acesso em: 27 maio 2025
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de recomendações para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes com a coinfecção Leishmania - HIV. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 108 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_diagnostico_Leishmania_hiv.pdf. Acesso em: 10 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. 1. ed. Brasília, DF: Brasil, 2006. p. 27-30. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_visceral.pdf. Acesso em: 19 jun. 2025
BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde/SVSA: Sistema de informação agravos de notificação- Leishmaniose visceral. DATASUS, 2024. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/leishvbr.def. Acesso em: 18 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.426, DE 11 DE JULHO DE 2008. Proíbe o tratamento de leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano ou não registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, 11 ago. 2008. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leishmaniose-visceral/legislacao/portaria-interministerial-no-1426-de-11-de-julho-de-2008/view. Acesso em: 05 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância e saúde. Nota informativa nº 13/2020- cgzv/deidt/svs/ms, 2020. p. 1-11. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-deconteudo/publicacoes/estudos-e-notas-informativas/2020/nota-informativa-miltefosina.pdf. Acesso em: 03 jun. 2025.
BRASILEISH. Diretrizes para o diagnóstico, estadiamento, tratamento e prevenção da leishmaniose canina. Grupo de Estudos em Leishmaniose Animal: Brasil, 2018. Disponível em: https://www.brasileish.com.br/_files/ugd/3079c5_917ad5b903ef49cb9e
b2502929e88b20.pdf. Acesso em: 01 jun. 2025.
CAVALCANTE, I. J. M.; VALE. M. R. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral (calazar) no Ceará no período de 2007 a 2011. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 14, n. 4, p. 911-924, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/9843. Acesso em: 27 maio 2025. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-4503201400040010
CEVA (Brasil). Atualização Leish-tec. Brasil: Ceva Saúde Animal, 30 maio 2023. Disponível em: https://www.ceva.com.br/Noticias/Ceva-no-Brasil/ATUALIZACAO-LEISH-TEC. Acesso em: 18 jun. 2025.
CEVA Saúde Animal LTDA. Marbox-Leish: comprimidos. Responsável técnico Gustavo Montaldi Carvalho. Paulínia-SP, 2025a. Bula de medicamento. Disponível em: https://www.ceva.com.br/Produtos/Lista-de-Produtos/MARBOX-LEISH. Acesso em: 05 jun. 2025.
CEVA Saúde Animal LTDA. Nota de esclarecimento. Paulínia-SP, 2025b. Disponível em: https://www.ceva.com.br/Noticias/Ceva-no-Brasil/Nota-de-Esclarecimento. Acesso em: 05 jun. 2025.
COIRO, C. J. et al. Fatores de risco para leptospirose, leishmaniose, neosporose e toxoplasmose em cães domiciliados e peridomiciliares em Botucatu-SP. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n. 3, p. 393-407. 2011. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/1085. Acesso em: 27 maio 2025.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA (CFMV). Guia Brasileiro de Boas Práticas em Eutanásia em Animais - Conceitos e Procedimentos Recomendados. Brasília, 2013. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/arquivos-publicacoes-bem-estar-animal/guia-brasileiro-de-boas-praticas-para-a-eutanasia-em-animais.pdf/view. Acesso em: 14 jun. 2025.
COSTA, W. W. et al. Impacto da Leishmaniose Visceral na saúde pública: desafios e estratégias de intervenção. CONTRIBUCIONES A LAS CIENCIAS SOCIALES, v. 17, n. 6, p. 1-14, 2024. Disponível em: https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/ clcs/article/view/7934. Acesso em: 23 maio 2025.
GOMES, Y. M. et al. Diagnosis of canine visceral Leishmaniasis: biotechnological advances. The Veterinary Journal, v. 175, n. 1, p. 45-52, 2008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1090023306002358?via%3Dihub. Acesso em: 3 jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2006.10.019
LISBOA, J. C. L. et al. Acompanhamento clínico e laboratorial de cães parasitologicamente positivos para leishmaniose visceral submetidos à terapia com miltefosina associada ao alopurinol. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMVSP, v. 16, n. 3, p. 79-80, 2018. Disponível em: https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/37829. Acesso em: 27 maio 2025.
MAIA, C.; CAMPINO, L. Methods for diagnosis of canine Leishmaniasis and immune response to infection. Veterinary parasitology, v. 158, n. 4, p. 274-287, 2008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304401708003889?casa_token=QEo84yZzZf4AAAAA:V62-WM8lJS-M04WMfsgnNf_8nOkffejQJ2Lj292UD1RINFII059I7f5IJ3yPcz5rsCqu4T0onsWi. Acesso em: 6 jun. 2025.
MENEZES, J. A. et al. Fatores de risco peridomiciliares e conhecimento sobre leishmaniose visceral da população de Formiga, Minas Gerais. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, n. 2, p. 362-374, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/STnv3Cpm3H8w53MqpZMHMQp/. Acesso em: 27 maio 2025. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5497201600020013
MORALES-YUSTE, M.; MARTÍN-SÁNCHEZ, J.; CORPAS-LOPEZ, V. Canine Leishmaniasis: Update on epidemiology, diagnosis, treatment, and prevention. Veterinary Sciences, v. 9, n. 8, p. 387, 2022. Disponível em: https://www.mdpi.com/2306-7381/9/8/387. Acesso em: 19 jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.3390/vetsci9080387
OLIVEIRA, V. J. et al. Epidemiology of human visceral Leishmaniasis in Brazil: perspectives of public health care through the prism of Veterinary Medicine. Research, Society and Development, v. 11, n. 15, p. 1-15, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/37034. Acesso em: 23 maio 2025. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v11i15.37479
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Leishmaniose visceral. 2025. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/leishmaniose/leishmaniose-visceral. Acesso em: 29 maio 2025.
PALIĆ, S.; BEIJNEN, J. H.; DORLO, T. P. C. An update on the clinical pharmacology of miltefosine in the treatment of Leishmaniasis. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 59, ed. 1, 2022. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0924857921012929. Acesso em: 3 jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijantimicag.2021.106459
PARANÁ. Secretaria da Saúde. Leishmanioses. Curitiba: Secretaria da Saúde, 2025. Disponí- vel em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Leishmanioses. Acesso em: 4 jun. 2025.
RANA, T. Principles and Practices of canine and feline clinical parasitic diseases. 1. ed. Kolkata: Wiley-Blackwell, 2024. 155. p. DOI: https://doi.org/10.1002/9781394158256
SÁ, M. F. F.; COSTA, A. F. P. A; PONTES, P. A. F. S. Aspectos biojurídicos da eutanásia em animais infectados com leishimaniose visceral canina (LVC): saúde pública e bem-estar animal. Virtuajus, Belo Horizonte, v. 8, n. 14, p. 141–154, 2023. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/virtuajus/article/view/30561. Acesso em: 27 maio 2025. DOI: https://doi.org/10.5752/P.1678-3425.2023v8n14p141-154
SANTIAGO, A. B. et al. A importância da educação em saúde no manejo da leishmaniose visceral no contexto da atenção primária. Revista Focando a Extensão, v. 12, n. 14, p. 1-11, 2025. Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/extensao/article/view/4533/2765. Acesso em: 29 maio 2025.
SANTOS, E. W. et al. Abordagem da leishmaniose visceral canina (LVC) por médicos veterinários. Veterinária e Zootecnia, Botucatu, v. 28, p. 1–12, 2021. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/541. Acesso em: 27 maio. 2025. DOI: https://doi.org/10.35172/rvz.2021.v28.577
SANTOS, K. B.; MARTINS, M. B.; CARVALHO, A. V. Levantamento de casos de Leishmaniose Visceral (calazar) em cães e humanos no município de Guaraí, Tocantins entre 2015-2020. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 16, p. 1-8, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24204. Acesso em: 23 maio 2025. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.24204
SILVA, E. B. et al. Análise de fatores de risco para Leishmaniose Visceral Canina em área urbana. Revista Saúde e Meio Ambiente, v. 12, n. 1, p.144-153, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/sameamb/article/view/12240. Acesso em: 27 maio 2025.
STRUBE, C.; MEHLHORN, H. Dog parasites endangering human health. 1. ed. Düsseldorf: Springer, 2021. p. 27-45. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-53230-7
TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Parasitologia Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 2422-2428.
URQUHART, G. M. et al. Parasitologia veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 232. p.