DIREITO, COLONIALIDADE E BRANQUITUDE: UMA ANÁLISE DO CASO SANTOS DO NASCIMENTO E FERREIRA GOMES VS. BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-084Palavras-chave:
Colonialidade, Branquitude, Racismo Institucional, Corte Interamericana, Acesso à JustiçaResumo
Este artigo analisa, sob as lentes da teoria decolonial, o caso Santos Nascimento e Ferreira Gomes vs. Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), emblemático da discriminação racial estrutural no acesso ao trabalho e à justiça no Brasil. Objetiva-se demonstrar como o racismo institucional, enraizado na colonialidade do poder e na branquitude, perpetua violações de direitos humanos. A Corte IDH reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro pela falta de devida diligência reforçada nas investigações, evidenciando a reprodução do racismo sistêmico no Poder Judiciário. Conclui-se que a igualdade formal é insuficiente para desconstruir hierarquias raciais, reforçando a necessidade de abordagens interseccionais que confrontem as raízes históricas da discriminação. O caso inova ao vincular dano ao projeto de vida de mulheres negras à inefetividade judicial, demandando transformações estruturais no sistema jurídico.
Downloads
Referências
AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites--século XIX. São Paulo: Annablume, 1987.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. Tese (Doutorado em Psicologia Social). Universidade de São Paulo, São Paulo.
BERNARDES, Márcia Nina. Sistema Interamericano de Direitos Humanos como esfera pública transnacional: aspectos jurídicos e políticos da implementação de decisões internacionais. SUR-Revista Internacional de Direitos Humanos, v. 8, n. 15, p. 135-156, 2011.
BERNARDES, Márcia Nina; FERNANDES, Luciana Costa; PINHEIRO, Maísa Sampietro. Violência antinegra de Estado: reescrita do caso “Favela Nova Brasília” sob uma perspectiva decolonial. Revista Direito e Práxis, v. 15, n. 01, p. e81220, 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/2179-8966/2024/81220
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
CIDH. Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Relatório No. 5/20. Caso 12.571. Mérito. Neusa dos Santos Nascimento e Gisele Ana Ferreira. Brasil. 3 de março de 2020.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Santos do Nascimento Vs Brasil. Sentença de 27 de outubro de 2024. Série C No. 539. Disponível em: https://jurisprudencia.corteidh.or.cr/pt_br/vid/1056080770.
CURIEL, Ochy. Identidades esencialistas o construcción de identidades políticas: El dilema de las feministas negras. Otras miradas, 2002.
___________. Construyendo metodologías feministas desde el feminismo decolonial. In: Otras formas de (re)conocer. Reflexiones, herramientas y aplicaciones desde la investigación feminista. Organizadoras: Irantzu Mendia Azkue, Marta Luxán, Matxalen Legarreta, Gloria Guzmán, Iker Zirion, Jokin Azpiazu Carballo, 2014.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (org) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Colección Sur, CLACSO, Buenos Aires, Argentina. 2005.
ENGSTROM, Par. Reconceitualizando o Impacto do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Revista Direito e Práxis, v. 8, n. 2, p. 1250-1285, 2017. DOI: https://doi.org/10.12957/dep.2017.28027
Ferreira, N. D. P., & Mello. N. C. A. B. e. (2024). Silêncio e Direito Internacional dos Direitos Humanos: gênero, decolonialidade e tensionamentos no sistema regional de proteção. Revista Da Defensoria Pública Da União, 21(21), 109-136. https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i21.p109-136 DOI: https://doi.org/10.46901/revistadadpu.i21.p109-136
GOMES, Ana Cecília de Barros. Colonialidade na academia jurídica brasileira: uma leitura decolonial em perspectiva amefricana. Tese (Doutorado em Direito). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
ESPINOSA MIÑOSO, Yuderkys. Etnocentrismo y colonialidad en los feminismos latinoamericanos: complicidades y consolidación de las hegemonías feministas en el espacio transnacional. Revista venezolana de estudios de la mujer, 2009, 14.33: 37-54
MIGNOLO, Walter D. Histórias locais-projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo horizonte: Editora UFMG, 2003.
WALSH, Catherine. Interculturalidad y colonialidad del poder: Un pensamiento y posicionamiento “otro” desde la diferencia colonial. In: CASTRO-GOMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramon (Comp.). El giro decolonial:reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores. Bogota: Siglo del Hombre Editores, 2007a. p. 47-62.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global, 2007, 127-167.