TRAJETÓRIAS DE MULHERES NEGRAS NO ENSINO SUPERIOR: BARREIRAS, CONQUISTAS E CAMINHOS PARA AVANÇO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n7-024Palavras-chave:
Mulheres negras, Ensino superior, Feminismo negro, Aquilombamento epistêmicoResumo
Este artigo realiza um mapeamento e análise das trajetórias de mulheres negras no ensino superior brasileiro a partir de uma perspectiva interseccional de raça, gênero, classe e regionalidade. A partir de uma revisão narrativa de literatura, foram examinados estudos acadêmicos, relatórios institucionais e dados estatísticos coletados em bases como SciELO, Portal de Periódicos CAPES, Ipea, IBGE e ENAP. Os resultados evidenciam barreiras estruturais (desigualdade de acesso e permanência), institucionais (sub-representação no corpo docente, baixa efetividade de cotas em concursos) e simbólicas (racismo velado, epistemicídio, misoginoir, tokenismo), que impactam inclusive a saúde mental dessas estudantes e docentes. Paralelamente, identificam-se estratégias de resistência — como a escrevivência, o aquilombamento epistêmico e as pedagogias antirracistas — que promovem a produção de saberes contra-hegemônicos, diversificam currículos e fortalecem redes de apoio. O estudo destaca conquistas recentes: expansão das matrículas após a Lei 12.711/2012, ingresso de primeiras gerações de doutoras negras em áreas antes inacessíveis e efeitos multiplicadores de representatividade que elevam autoestima discente e pluralizam a ciência. Por fim, são discutidas práticas e políticas imprescindíveis para consolidar avanços: ampliação de ações afirmativas no ingresso, permanência e carreira docente; inclusão plena das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008; reconhecimento institucional do trabalho de mentoria e extensão; e fortalecimento de coletivos de mulheres negras como espaços de produção intelectual. Conclui-se que a presença dessas mulheres movimenta estruturas acadêmicas historicamente excludentes, mas a igualdade substantiva depende da articulação entre políticas públicas robustas e a continuidade de práticas insurgentes lideradas por intelectuais negras.