PERFIL ECOEPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HANSENÍASE NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: UMA VISÃO EM SAÚDE ÚNICA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n6-322Palavras-chave:
Determinantes Sociais, Lepra, Uma Só SaúdeResumo
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta preferencialmente pele e nervos periféricos. Apesar dos avanços no controle da enfermidade, o Brasil ainda figura entre os países com maior número de casos, com desafios persistentes para a eliminação da doença. Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever o perfil ecoepidemiológico dos casos de hanseníase notificados no estado de Mato Grosso do Sul entre 2012 e 2023, à luz da abordagem de Saúde Única.
Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo e quantitativo, baseado em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), cedidos pela Secretaria Estadual de Saúde. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clínicas e operacionais, com uso de estatística descritiva no software R (versão 4.2.2). Foram notificados 7.962 casos no período, com predominância do sexo masculino (57,6%) e das raças parda (47,1%) e branca (36,9%). A faixa etária mais acometida foi a partir dos 50 anos, e 83,5% dos casos foram classificados como multibacilares. A forma clínica indeterminada foi a mais comum (27,5%). A maioria dos casos foi detectada por demanda espontânea (33,4%) e a entrada no sistema ocorreu majoritariamente como caso novo (78,3%). Municípios como Rio Negro e Paranaíba apresentaram as maiores incidências e prevalências. Observou-se ainda importante proporção de incapacidades físicas e falhas na realização de baciloscopia. Conclui-se que, embora haja tendência de redução dos casos ao longo do tempo, a hanseníase permanece endêmica no estado, especialmente em áreas com condições socioeconômicas precárias. A análise ecoepidemiológica reforça a necessidade de estratégias intersetoriais e territorializadas, com base no paradigma de Saúde Única, para a vigilância, controle e prevenção da doença, priorizando ações em populações vulneráveis e regiões de alta incidência.