BNCC E EDUCAÇÃO INFANTIL – O DESENVOLVIMENTO INFANTIL POR MEIO DAS EXPERIÊNCIAS, AÇÕES E INTERAÇÕES NA APRENDIZAGEM NA SALA DE AULA

Resumo

O presente artigo analisa, à luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as formas pelas quais o desenvolvimento infantil é promovido por meio das experiências, ações e interações vividas na sala de aula da Educação Infantil. Partindo do entendimento de que as crianças são sujeitos ativos, potentes e em constante construção, investigamos como os direitos de aprendizagem – aprender a conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se – são mobilizados no cotidiano escolar. Para isso, refletimos sobre as práticas pedagógicas que valorizam a escuta, a curiosidade e o protagonismo infantil, pois compreendemos que o desenvolvimento não se dá de maneira linear, mas se constrói nas trocas significativas entre criança, educador, espaço e cultura. Assim, discutimos como os campos de experiências propostos pela BNCC podem contribuir para uma formação integral, que reconheça a singularidade de cada criança e a importância do afeto, do tempo e do corpo como mediadores da aprendizagem. Logo, este estudo tem como objeto analisar como a BNCC se materializa – ou não – nas práticas pedagógicas da Educação Infantil, apontando caminhos para uma educação que acolha, inspire e transforme. Dito isso, indagamos: De que maneira as experiências, ações e interações vivenciadas na sala de aula da Educação Infantil contribuem para o desenvolvimento integral das crianças, conforme propõe a BNCC? Para isso, teoricamente, fizemos uso dos trabalhos de Piaget (2011; 2002; 1999; 1997; 1969; 1948; 1929), Bruner (2010; 1996; 1983), Gardner (2011), Bruce (2010; 2008), Vygotsky (2020; 2018; 2007), Bento (2012), Garvey (1977), Oliveira (2014), Edwards, Gandini e Forman (1998), Andrade (2010), Nono e Guimarães (2016), Carvalho e Fochi (2017), Sarmento et al. (2015). A pesquisa é de cunha qualitativa (Minayo, 2007), descritiva e bibliográfica (Gil, 2008) e com análise compreensiva (Weber, 1949). A pesquisa evidenciou que, embora a BNCC proponha uma abordagem centrada na escuta, na ludicidade e no protagonismo infantil, há tensões entre o “currículo prescrito” e o “vivido” nas práticas pedagógicas da Educação Infantil. Identificou-se que os direitos de aprendizagem são mobilizados de forma desigual nas instituições, ora como princípios formativos, ora como exigências burocráticas. As práticas mais potentes foram aquelas que integraram corpo, tempo e afeto como mediadores da aprendizagem. Observou-se ainda que projetos como “Cidade das Crianças” reforçam a importância da participação infantil. Por fim, conclui-se que a escuta ativa e a intencionalidade docente são chaves para uma educação transformadora e significativa.