DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DA AGRICULTURA FAMILIAR POR MEIO DE TÉCNICAS DE MANEJO DE SOLO E PRODUTIVIDADE
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n4-165Keywords:
Assistência técnica, Análise de solo, Sustentabilidade, RentabilidadeAbstract
A agricultura familiar é um dos pilares da produção de alimentos no Brasil, sendo responsável por grande parte do alimento que chega à mesa dos consumidores. Caracterizada pelo uso predominante de mão de obra familiar, gestão familiar e diversificação produtiva, essa forma de agricultura é essencial para a segurança alimentar, geração de renda e preservação da cultura de comunidades rurais. Contudo, apesar de sua relevância, os agricultores familiares enfrentam desafios consideráveis, especialmente no que tange a fertilidade dos solos e uso inadequado de insumos agrícolas, fatores que podem comprometer diretamente a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. O projeto de extensão relatado nesse trabalho intitulado como Desenvolvimento socioeconômico da agricultura familiar por meio de técnicas de manejo de solo e produtividade, foi desenvolvido com o objetivo de contribuir para a superação desses desafios, buscando promover a assistência técnica gratuita a pequenos produtores, com o auxílio de análises químicas de solo e recomendações personalizadas de manejo, promovendo ao mesmo tempo uma vivência prática aos alunos do curso de Agronomia, integrando ensino, pesquisa e extensão. A seleção dos produtores foi realizada por meio de inscrições, priorizando propriedades com menor acesso a serviços técnicos especializados. No total, 22 propriedades foram atendidas. Foram efetuadas coletas de solo nas áreas de cultivo, cujas amostras passaram por análises químicas completas, realizadas por um laboratório da região. Os parâmetros avaliados incluíram pH, matéria orgânica, capacidade de troca de cátions (CTC), saturação por bases, além dos teores de macro e micronutrientes essenciais. Os resultados indicaram que a maioria dos solos da região possui textura arenosa, o que limita a retenção de água e nutrientes e favorece processos de lixiviação. Além disso, foram identificadas deficiências significativas de fósforo (77,27% das amostras), potássio (55%) e matéria orgânica (100%), bem como baixos valores de saturação por bases em 37% das propriedades. Esses fatores indicam a necessidade de correções, como a aplicação de calcário, adubação orgânica e mineral, além da adoção de práticas conservacionistas, como adubação verde, cobertura do solo e rotação de culturas. Em contrapartida, foram observados teores elevados de cálcio, cobre, ferro e manganês, o que pode causar desequilíbrios nutricionais e até toxicidade em determinadas condições. Com base nesses dados, os discentes, com orientação dos docentes, elaboraram planos de manejo específicos para cada propriedade, em razão das culturas cultivadas, dos recursos disponíveis e do nível de conhecimento tecnológico dos agricultores. Ademais, durante as visitas técnicas foram também realizados diagnósticos fitossanitários, o que permitiu identificar pragas e doenças e propor medidas de controle integrado específicas para cada propriedade. A vista disso, o projeto extensionista teve forte impacto social e educacional, contribuindo diretamente para a melhoria da produtividade nas propriedades atendidas. Isso porque, os agricultores, receberam assistência técnica qualificada de forma acessível, enquanto os discentes vivenciaram uma experiência prática enriquecedora, que aproximou da realidade do campo e os preparou para atuar com responsabilidade e eficiência na assistência técnica rural. Os dados analisados reforçam a importância do uso de análises de solo como ferramenta essencial para o manejo agrícola. A baixa fertilidade observada na maioria das propriedades demonstra a carência de ações técnicas específicas para correção do solo, que, se implementadas corretamente, podem gerar melhorias expressivas na produção e na sustentabilidade das lavouras familiares. Conclui-se que o projeto cumpriu seu papel ao promover o uso eficiente de insumos, o manejo adequado do solo e o fortalecimento da agricultura familiar. Além disso, consolidou-se como uma estratégia eficaz de formação acadêmica, integração entre universidade e setor produtivo e promoção do desenvolvimento rural sustentável. Iniciativas como essa revelam o potencial transformador da extensão universitária na construção de uma agricultura mais produtiva, justa e ambientalmente equilibrada, contribuindo diretamente para o alcance dos ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável) da Agenda 2030 da ONU.