O ENCONTRO COM O INTERNACIONAL: O POVO MANDJAKU, SABERES E ANCESTRALIDADE DO IRÃ E BALUGUM
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n4-142Keywords:
Internacional, Mandjaku, Guiné-Bissau, História, Relações InternacionaisAbstract
O presente artigo objetiva problematizar o papel do internacional na construção da identidade nacional na Guiné-Bissau, em específico os povos Mandjaku, através do projeto ideológico/colonial ‘Homem Novo’. O argumento do artigo é de que o internacional exerce um duplo movimento de desumanização e apagamento dos saberes e ancestralidades no ritual do Irã Gëtchai e Balugum, e suas práticas na relação com a natureza, sobrevivência alimentar e as formas do cuidado coletivo. Para tal, utilizamos como metodologia entrevistas semiestruturadas para ouvir os Mandjaku sobre a atual situação do povo na atual estrutura do país, estando estruturadas no escopo do artigo em duas seções. A primeira seção problematiza o debate teórico sobre o duplo movimento do internacional na construção da identidade nacional na Guiné-Bissau, ressaltando as influências negativas contra o povo Mandjaku. Na segunda seção evidenciamos o ritual do Irã Gëtchai e Balugum como forma de confrontar esse internacional, contrapondo as ideologias coloniais, a partir, das práticas ritualísticas como relação com natureza, sobrevivência alimentar e o cuidado coletivo, além dos ensinamentos ancestrais. Em suma, este artigo contribui tanto para a disciplina de história, quanto para de Relações Internacionais, já que aborda narrativas da história da África (Guiné-Bissau), desarquivando as epistemologias nos saberes ancestrais do povo Mandjaku, quanto dialoga sobre o internacional, Estado-nação e as relações e poder, se inserindo nas correntes literárias que vão contra as formas de epistemicídio e as violências ontológicas sobre as literaturas da Guiné-Bissau.