LUDOTERAPIA: O BRINCAR NO HOSPITAL E A SAÚDE MENTAL INFANTO JUVENIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n4-126Palavras-chave:
Ludoterapia, Crianças Hospitalizadas, Saúde mental, Enfermagem pediátricaResumo
O estudo teve como objetivo compreender a experiência das crianças e adolescentes hospitalizados sobre as ações de ludoterapia realizadas no contexto da hospitalização e sua perspectiva em saúde mental e na atenção psicossocial. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada em um hospital universitário entre setembro e novembro de 2024. A amostra foi composta por nove crianças e adolescentes, de 10 a 14 anos, internados na clínica pediátrica do hospital. Para a coleta de dados foram utilizadas abordagens lúdicas, como jogos de tabuleiro e um jogo digital adaptado, as entrevistas registradas em áudio foram transcritas posteriormente. A análise dos dados se deu pela análise temática de Minayo (2014), complementada por registros de Diário de Campo. Os resultados demonstraram que, apesar dos reconhecidos benefícios da ludoterapia na hospitalização infantil, sua implementação ainda enfrenta desafios significativos para a equipe de saúde. Apenas dois dos nove participantes relataram ter participado de atividades lúdicas enquanto hospitalizados, evidenciando a predominância de um modelo biomédico que prioriza os aspectos clínicos em detrimento das necessidades psicossociais. As interações com a equipe de saúde foram descritas como "tediosas" e "demoradas", ressaltando a falta de uma abordagem humanizada e interativa. A ausência de atividades recreativas contribuiu para sentimentos de monotonia, isolamento e ansiedade entre os pacientes. Em contrapartida, as crianças que tiveram acesso às atividades lúdicas relataram experiências mais positivas, com aumento do senso de protagonismo, maior expressão de alegria e redução dos níveis de ansiedade e tédio. Além disso, através dos depoimentos, foi observado um uso excessivo de dispositivos eletrônicos no período de hospitalização como principal forma de distração, o que pode impactar negativamente a saúde mental e o desenvolvimento emocional dos pacientes pediátricos. Considera-se que a ludoterapia desempenha um papel fundamental na humanização do cuidado pediátrico, promovendo bem-estar emocional e socialização. No entanto, a falta de profissionais capacitados e a escassez de recursos comprometem sua aplicabilidade. O estudo sugere a necessidade de maior investimento na prática da ludoterapia como parte essencial da humanização da assistência hospitalar infantil.