CONFLITO GERACIONAL COMO MOTIVAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS IDOSAS NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n4-049Palavras-chave:
Pessoa Idosa, Violência, Notificação de Abuso, Conflito FamiliarResumo
A violência contra a pessoa idosa tem entre os principais motivos os conflitos geracionais, decorrente de divergências entre pessoas de gerações distintas, com valores sociais, culturais e econômicos diferentes entre si. Este trabalho tem como objetivo analisar aspectos da violência contra a pessoa idosa motivada pelo conflito geracional. Trata-se de um estudo transversal, de caráter analítico, com dados de notificações de violência interpessoal e autoprovocada do Sistema de Informação de Agravos e Notificação, em 2019, no Brasil. Foram realizadas análises de regressão de Poisson, com variância robusta, para estimar a Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada, com Intervalo de Confiança de 95% (IC95%) entre violência motivada por conflito geracional e perfil sociodemográfico da vítima, tipos de violência, vínculos/parentescos com agressor, e suspeita de uso de álcool pelo agressor. Considerou-se o nível de significância 5%. Constatam-se registros de 23.698 notificações para violência contra pessoas de 60 a 120 anos, sendo 24,3% motivada por conflitos geracionais. Essa motivação apresentou menor prevalência para pessoas idosas com escolaridade de nível médio (RP = 0,967) quando comparados aos com ensino fundamental completo ou não; e foi associada à violência física (RP = 1,069), psicológica (RP = 1,066) e financeira (RP = 1,064). Observou-se, também, associação com os agressores filhos (RP = 1,089) e com suspeita de uso de álcool (RP = 1,055). Constatou-se menor prevalência de violência por conflitos geracionais entre agressores adultos (RP = 0,847) e pessoas idosas (RP = 0,900) comparados aos com até 19 anos. A violência motivada por conflitos geracionais contra a pessoa idosa foi perpetrada em maior frequência por filhos, seguida por suspeitos de uso de álcool e por crianças/adolescentes. A elevada ocorrência de violências associada ao conflito geracional sugere necessidade de romper esse problema de saúde pública. Os conflitos geracionais são passíveis de modificação, e considera-se que a educação em saúde no âmbito familiar poderia contribuir na promoção da convivência pacífica entre diferentes gerações, crianças/adolescentes e idosos.