PERSPECTIVA PSICANALÍTICA SOBRE O TRAUMA NO FILME “AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL”

Resumo

Situações traumáticas geram impactos profundos na saúde mental de um indivíduo. Dentre elas, casos de abuso sexual na infância apresentam efeitos substanciais sobre a subjetividade da pessoa que sofreu a agressão. Mesmo assim, tais violências se destacam por altas taxas de ocorrência, mas uma elevada subnotificação e incipiente visibilidade na sociedade. Acerca da temática, a psicanálise aparece com importantes contribuições para refletir sobre os impactos no psiquismo humano e a formulação de ações de cuidado com crianças e adolescentes que passaram por essas experiências. Em meio aos autores psicanalíticos, Sándor Ferenczi, inova com sua proposta da teoria do trauma, na qual o caracteriza como sendo um fenômeno relacional, enquanto Melanie Klein cria uma teoria que descreve estruturas e processos psíquicos pelos quais a subjetividade humana é construída e transformada ao longo da vida de um indivíduo desde o seu nascimento. A partir dessas teorias, torna-se possível refletir sobre as consequências traumáticas decorrentes do abuso sexual infantil e os desdobramentos no desenvolvimento do sujeito. Para ilustrar tais questões, este artigo propõe-se a analisar, sob o viés da psicanálise, o enredo do protagonista do filme “As vantagens de ser invisível” (2012), Charlie, que vivenciou episódios de abuso sexual em sua infância. Assim, objetiva-se utilizar uma obra ficcional para apontar possíveis repercussões psíquicas do trauma infantil e o processo gradual do contato do personagem com essas experiências traumáticas.