CONTABILIDADE EM EMERGIA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA ECONOMIA CIRCULAR EM COOPERATIVAS DE RECICLAGEM
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n12-119Palavras-chave:
Emergia, Economia Circular, Cooperativa de Reciclagem, Sustentabilidade, Resíduos Sólidos UrbanosResumo
Este estudo avalia, por meio da contabilidade emergética, a eficiência energética e a sustentabilidade sistêmica de uma cooperativa de catadores localizada em um município de porte médio no interior do estado de São Paulo. A investigação segue um delineamento qualitativo, descritivo-exploratório, organizado a partir de um estudo de caso único. A coleta de dados combinou entrevistas semiestruturadas, análise documental e observação direta não participante. Os achados apontam para um incremento na capacidade operacional da cooperativa, associado a investimentos em infraestrutura e a práticas de gestão participativa. A síntese emergética indicou um retorno próximo a 40 vezes a energia investida, concomitante a baixo impacto ambiental e elevada eficiência no reaproveitamento dos materiais recicláveis. O índice de sustentabilidade emergética alcançou o valor de 2.687, sinalizando uma estrutura produtiva resiliente, de custos reduzidos e perfil de elevada racionalidade ecológica. No plano social, a cooperativa gerou renda para aproximadamente quarenta trabalhadores, favorecendo a inclusão socioeconômica em um contexto regional marcado por baixa formalização laboral. Esses resultados caracterizam a experiência como um modelo viável de economia circular local, com potencial replicabilidade em municípios urbanos de características análogas. Identificaram-se, porém, desafios estruturais persistentes, entre eles, a subutilização do potencial reciclável, a carência de contratos públicos estáveis e a dependência de suporte institucional. A mitigação desses entraves demanda políticas públicas consistentes que reconheçam e fortaleçam o papel estratégico das cooperativas na governança sustentável dos resíduos sólidos urbanos.
Downloads
Referências
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (4ª ed.). Edições 70.
Brasil. (2010). Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União. Recuperado em 04 de julho de 2025, de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
Brown, M. T., & Ulgiati, S. (1997). Emergy-based indices and ratios to evaluate sustainability: Monitoring economies and technology toward environmentally sound innovation. Ecological Engineering, 9 (1–2), 51–69. https://doi.org/10.1016/s0925-8574(97)00033-5 DOI: https://doi.org/10.1016/S0925-8574(97)00033-5
Calderoni, S. (2003). Os bilhões perdidos no lixo. SENAC.
Cellard, A. (2008). A análise documental. In J. Poupart (Org.), A pesquisa qualitativa: Enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 295–316). Vozes.
Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2018). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches (5th ed.). SAGE Publications.
Denzin, N. K. (2018). The research act: A theoretical introduction to sociological methods (4ª ed.). Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315134543
Ellen MacArthur Foundation, & Sun, M., & McKinsey Center for Business and Environment. (2015). Growth within: A circular economy vision for a competitive Europe. Ellen MacArthur Foundation/SYSTEMIQ. Recuperado em 18 de junho de 2025, de https://www.ellenmacarthurfoundation.org/building-prosperity
Ellen MacArthur Foundation. (2012). Towards the circular economy – Vol. 1: An economic and business rationale for an accelerated transition. Recuperado em 18 de junho de 2025, de https://www.ellenmacarthurfoundation.org/towards-the-circular-economy-vol-1-an-economic-and-business-rationale-for-an
Flick, U. (2014). Introdução à pesquisa qualitativa (3ª ed.). Artmed.
Geissdoerfer, M., Savaget, P., Bocken, N. M. P., & Hultink, E. J. (2017). The circular economy: A new sustainability paradigm? Journal of Cleaner Production, 143, 757–768. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2016.12.048 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2016.12.048
Giannetti, B. F., & Almeida, C. M. (2006). Ecologia industrial: Conceitos, ferramentas e aplicações. Editora Blucher.
Giannetti, B. F., Barrella, F. A., & Almeida, C. M. V. B. (2006). A combined tool for environmental scientists and decision makers: Ternary diagrams and emergy accounting. Journal of Cleaner Production, 14(2), 201–210. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2004.09.002 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2004.09.002
Giannetti, B. F., Bonilla, S. H., & Almeida, C. M. V. B. (2013). An emergy-based evaluation of a reverse logistics network for steel recycling. Journal of Cleaner Production, 46, 48–57. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.05.024 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.05.024
Jacobi, P. R., & Besen, G. R. (2011). Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos Avançados, 25(71), 135–158. https://doi.org/10.1590/s0103-40142011000100010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142011000100010
Kirchherr, J., Reike, D., & Hekkert, M. (2018). Conceptualizing the circular economy: An analysis of 114 definitions. Resources, Conservation and Recycling, 127, 221–232. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2017.09.005 DOI: https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2017.09.005
Lajolo, R. D., Azevedo, R. M. B., & Consoni, A. J. (2003). Cooperativa de catadores de materiais recicláveis: Guia de implantação (1ª ed., Vol. 1). Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT.
Minayo, M. C. S. (2012). Análise qualitativa: Teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva, 17(3), 621–626. https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000300007 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000300007
Minayo, M. C. S. (2015). O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde (13ª ed.). Hucitec.
Minayo, M. C. S. (2017). A prática da pesquisa qualitativa (3ª ed.). Vozes.
Moraga, G., Huysveld, S., Mathieux, F., Blengini, G. A., Alaerts, L., Van Acker, K., de Meester, S., & Dewulf, J. (2019). Circular economy indicators: What do they measure? Resources, Conservation, and Recycling, 146, 452–461. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2019.03.045 DOI: https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2019.03.045
Odum, H. T. (1996). Environmental accounting: Emergy and environmental decision making. John Wiley & Sons.
Pearce, D. W., & Turner, R. K. (1990). Economics of natural resources and the environment. Harvester Wheatsheaf.
Pisano, V., Demajorovic, J., & Besen, G. R. (2022). The Brazilian National Solid Waste Policy: perspectives of the waste pickers’ cooperative networks. Ambiente & sociedade, 25, e01511. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20210151r1ft DOI: https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20210151r1td
Porter, M. E., & Van der Linde, C. (1995). Toward a new conception of the environment-competitiveness relationship. Journal of Economic Perspectives, 9(4), 97–118. https://doi.org/10.1257/jep.9.4.97 DOI: https://doi.org/10.1257/jep.9.4.97
Ranta, V., Aarikka-Stenroos, L., Ritala, P., & Mäkinen, S. J. (2021). Exploring institutional drivers and barriers of the circular economy: A cross-regional comparison. Resources, Conservation and Recycling, 168, 105249. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2020.105249 DOI: https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2020.105249
Seuring, S., & Müller, M. (2008). From a literature review to a conceptual framework for sustainable supply chain management. Journal of Cleaner Production, 16(15), 1699–1710. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.04.020 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2008.04.020
Ulgiati, S., & Brown, M. T. (1998). Monitoring patterns of sustainability in natural and man-made ecosystems. Ecological Modelling, 108(1–3), 23–36. https://doi.org/10.1016/s0304-3800(98)00016-7 DOI: https://doi.org/10.1016/S0304-3800(98)00016-7
Yin, R. K. (2018). Case study research and applications: Design and methods (6th ed.). SAGE Publications.