ENTRE O DISCURSO ESG E A PRÁTICA CONTÁBIL: DIVERGÊNCIAS NA MENSURAÇÃO DE CRÉDITOS DE CARBONO NO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO

Autores

  • Gustavo Martini Autor
  • Marcos Rafael Habitzreuter Junior Autor
  • Leonor Venson de Souza Autor
  • Fernanda Marcia Kumm Autor

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n12-041

Palavras-chave:

ESG, Contabilidade Ambiental, Créditos de Carbono, Governança, B3

Resumo

A crescente institucionalização do discurso ESG (Environmental, Social and Governance) consolidou um novo regime narrativo nas corporações contemporâneas. Justifica-se esta investigação diante da crescente discrepância entre compromissos climáticos declarados e a efetividade das métricas contábeis que deveriam sustentá-los, sobretudo em setores de alta materialidade socioambiental. Contudo, sua adoção massiva tem sido acompanhada por críticas que apontam a predominância de práticas simbólicas, desconectadas de processos efetivos de mensuração e responsabilização ambiental. Este artigo investiga as divergências entre narrativa e prática no contexto da contabilização dos créditos de carbono por empresas do setor energético brasileiro listadas na B3. A pesquisa, de abordagem qualitativa e documental, analisou demonstrações financeiras, notas explicativas e relatórios ESG de 18 companhias dos segmentos de petróleo, gás e biocombustíveis. Observou-se que apenas quatro delas (Raízen S.A., Refinaria de Petróleo Riograndense S.A., Ultrapar Participações S.A. e Vibra Energia S.A.) reconhecem e divulgam contabilmente seus créditos de carbono, majoritariamente como ativos intangíveis e provisões regulatórias derivadas do RenovaBio, em conformidade parcial com a OCPC 10, CVM 223/2024 e CTG 10. A análise revela discrepâncias significativas entre compromissos ESG declarados e transparência contábil efetiva, caracterizando um padrão de ESG performativo e reforçando riscos de greenwashing. O estudo contribui ao evidenciar fragilidades de governança climática no setor energético brasileiro e discutir os limites e possibilidades da contabilidade ambiental como instrumento de accountability em cenários de crise climática.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BRASIL. Lei nº 15.042, de 2024. Institui diretrizes para o mercado regulado de carbono no Brasil.

CPC 46 – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Mensuração do valor justo. Brasília, 2012.

CVM. Resolução CVM nº 223, de 2024. Dispõe sobre a divulgação de informações financeiras

relacionadas à sustentabilidade.

FANCY, T. The secret diary of a “sustainable investor”. 2021. Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 28 nov. 2025.

GRAY, R.; BEBBINGTON, J.; LARRINAGA, C. Sustainability accounting and accountability. 2. ed. London: Routledge, 2009.

GRAY, R.; OWEN, D.; ADAMS, C. Accounting and accountability: changes and challenges in corporate social and environmental reporting. London: Prentice Hall, 2014.

ICVCM – Integrity Council for the Voluntary Carbon Market. Core Carbon Principles and Program Assessment Framework. 2023. Disponível em: https://icvcm.org. Acesso em: 25 nov. 2025.

IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2023: Synthesis Report. Geneva: IPCC, 2023.

IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

KOTSANTONIS, S.; PINNEY, C.; SERAFEIM, G. ESG integration in investment management: myths and realities. Journal of Applied Corporate Finance, v. 28, n. 2, 2016.

LARCKER, D.; WATTS, E. Where’s the greenium? ESG disclosure and firm valuation. Stanford: Stanford University, 2020.

LINS, L. dos S. Introdução à gestão ambiental empresarial: abordando economia, direito, contabilidade e auditoria. Rio de Janeiro: Atlas, 2015. E-book. p. 7.

OCPC 10 – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Créditos de carbono, permissões de emissão e CBIOs. Brasília, 2023.

RIBEIRO, M. Contabilidade ambiental: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2021.

SCHALTEGGER, S.; BURRITT, R. Contemporary environmental accounting: issues, concepts and practice. London: Routledge, 2017.

TCFD – Task Force on Climate-related Financial Disclosures. Recommendations of the TCFD. Basel: Financial Stability Board, 2017.

TINOCO, E.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2011. p. 169.

Downloads

Publicado

2025-12-04

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

MARTINI, Gustavo; JUNIOR, Marcos Rafael Habitzreuter; DE SOUZA, Leonor Venson; KUMM, Fernanda Marcia. ENTRE O DISCURSO ESG E A PRÁTICA CONTÁBIL: DIVERGÊNCIAS NA MENSURAÇÃO DE CRÉDITOS DE CARBONO NO SETOR ENERGÉTICO BRASILEIRO. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 12, p. e10770, 2025. DOI: 10.56238/arev7n12-041. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/10770. Acesso em: 5 dez. 2025.