CURANDEIRISMO: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E USO DE PLANTAS MEDICINAIS COMO ESTRATÉGIAS PARA A EQUIDADE EM SAÚDE

Authors

  • Brunella Gomes Cordeiro Author
  • Melina Barbosa Peixoto Author

DOI:

https://doi.org/10.56238/arev7n11-369

Keywords:

Curandeirismo, Práticas de Saúde Integrativas e Complementares, Equidade

Abstract

O curandeirismo configura-se como uma tecnologia ancestral e popular de cuidado em saúde, fundamentada em saberes tradicionais transmitidos oralmente que integram corpo, mente e espírito, refletindo a diversidade cultural brasileira. Essa prática combina conhecimentos sobre plantas medicinais, rezas e rituais, especialmente presentes em contextos rurais e periféricos, valorizando a integralidade, a autonomia dos sujeitos e o respeito à diversidade cultural e histórica. A integração do curandeirismo ao Sistema Único de Saúde resistiu aos desafios epistemológicos, institucionais e regulatórios, que limitam sua legitimação e difusão. Nesse cenário, políticas públicas como a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares desempenham papel fundamental, ao reconhecerem e regulamentarem essas práticas no sistema de saúde brasileiro. Paralelamente, a Educação Popular em Saúde surge como estratégia necessária para a valorização dos saberes locais, promoção do diálogo intercultural e fortalecimento da participação comunitária, alinhando-se à promoção da equidade. A articulação entre curandeirismo e as políticas de saúde contribuem para construir um sistema de saúde mais inclusivo, intercultural e humanizado, essencial para garantir o acesso equitativo às práticas de cuidado legítimos e eficazes, respeitando a pluralidade cultural e promovendo a saúde integral da população brasileira.

Downloads

Download data is not yet available.

References

AMBITO JURÍDICO. Crime de curandeirismo. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/crime-de-curandeirismo/amp/. Acesso em: 02 abr. 2025.

ARAÚJO, Ana Cláudia de. Saberes e práticas das Meizinheiras do Cariri: um estudo sobre o uso de plantas medicinais na região do Ceará . 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.

BELLATO, Roseney.; ARAÚJO, Laura Filomena Santos de.; CASTRO, Phaedra. O itinerário terapêutico como uma tecnologia avaliativa da integralidade em saúde. In: ______. Atenção básica e integralidade: contribuições para estudos de práticas avaliativas em saúde. Rio de Janeiro: CEPESC: IMS/UERJ: ABRASCO, 2011.

BURILLE, Andréia. Itinerários terapêuticos de homens em situação de adoecimento crônico:(des) conexões com o cuidado e arranhaduras da masculinidade. 2012.

BUSS, Paulo Marchiori; PELLEGRINI FILHO, Alberto. A Saúde e seus Determinantes Sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 77-93, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/msNmfGf74RqZsbpKYXxNKhm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 abr. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 156 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos; Cadernos de Atenção Básica, n. 31). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_medicinais_cab31.pdf. Acesso em: 02 abr. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Relatório OPAS 30 anos de SUS, que SUS para 2030? [citado 2024 out 17] Disponível em: https://apsredes.org/wp-content/uploads/2018/10/Serie-30-anos-001-SINTESE.pdf.Acesso em: 11 nov 2024.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações sobre o uso de fitoterápicos e plantas medicinais. Brasília: Anvisa, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/ptbr/centraisdeconteudo/publicacoes/medicamentos/publicacoes-sobre-medicamentos/orientacoes-sobre-o-uso-de-fitoterapicos-e-plantas-medicinais.pdf. Acesso em: 10 abr. 2025.

________Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria n. 971. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 2006.

________Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: atitude de ampliação e acesso. 2.ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015.

________Ministério da Saúde (MS). Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria n° 849, de 27 de março de 2017. Inclui novas Práticas Integrativas e Complementares a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2017.

________Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria n° 702, de 21 de março de 2018. Altera de consolidação n° 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União [acesso 2024 nov 11] Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2018/prt0702_22_03_2018.html. Acesso em: 24 nov. 2024.

CAMPOS, Ludimila Caliman; LORENZONI, Lara Ferreira; LIMA, Aline Magdalão da Fonseca. Curandeirismo no Brasil: uma abordagem histórico-jurídica na transição para a república. Revista Relegens Thréskeia, v. 9, n. 2, p. 225-241, 2020.

CARNEIRO, Fernanda Melo et al. Tendências dos estudos com plantas medicinais no Brasil. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais (2238-3565), v. 3, n. 2, p. 44-75, 2014.

CRUZ, Marina Zuanazzi. A integração da medicina complementar e alternativa em sistemas de saúde convencionais. 2002.

DE MATTOS, Leonara Forquim; OLINTO, Beatriz Anselmo. “Todos são curandeiros”: saberes populares e curandeirismo nos processos-crime de Guarapuava (1940-1950)" All are healers": popular knowledge and faith healing in Guarapuava." Todos son sanadores": el conocimiento popular en Guarapuava. TEL Tempo, Espaço e Linguagem, v. 4, n. 2, p. 31-45, 2013.

DEMÉTRIO, Fran; SANTANA, Elvira Rodrigues de; PEREIRA-SANTOS, Marcos. O itinerário terapêutico no Brasil: revisão sistemática e metassíntese a partir das concepções negativa e positiva de saúde. Saúde em Debate, v. 43, n. spe7, p. 204-221, 2019.

DIAS, Lucimberg Camargo; CAETANO, Edson. Sabedorias Ancestrais de Cura: Atenção, cuidado e solidariedade entre povos e comunidades tradicionais. In: Anais Principais do Seminário de Educação (SemiEdu). SBC, 2021. p. 2627-2636.

DIEGUES, Antônio Carlos. Etnoconservação da natureza no Brasil: saberes tradicionais e biodiversidade . São Paulo: Nobel, 1999.

ESTEVES, Natália dos Santos; HOFFMANN-HOROCHOVSKI, Marisete T. Práticas tradicionais de cura na comunidade rural Rio Verde em Guaraqueçaba (PR). Revista Divers@, Matinhos, v. 10, n. 2, p. 69-78, jul./dez. 2017. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/diver/article/download/55248/34894. Acesso em: 10 abr. 2025.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Medicina indígena como cuidado complementar no SUS. Humanamente, 2022. Disponível em: https://humanamente.fiocruz.br/agora/medicina-indigena-como-cuidado-complementar-no-sus/ . Acesso em: 05 de abr. 2025.

GUIMARÃES, Maria Beatriz et al. As práticas integrativas e complementares no campo da saúde: para uma descolonização dos saberes e práticas. Saúde e Sociedade, v. 29, n. 1, p. e190297, 2020.

HECK, Selvino. PNEPS-SUS: Política Nacional de Educação Popular em Saúde, pé dentro, pé fora. Brasil de Fato, 13 out. 2023. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/colunista/selvino-heck/2023/10/13/pneps-sus-politica-nacional-de-educacao-popular-em-saude-pe-dentro-pe-fora/. Acesso em: [08 abr 2024]

KLEINMAN, Arthur; EISENBERG, Leon; GOOD, Byron. Cultura, doença e cuidado: lições clínicas da pesquisa antropológica e transcultural. Annals of internal medicine , v. 88, n. 2, p. 251-258, 1978.

MATOS, Izabela; GRECO, Rosangela Maria. Curandeirismo e Saúde da Família: conviver é possível. Revista APS, v. 8, n. 1, p. 4-14, 2005.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2014.

NESPOLI, Grasiele; SCHER, Itana Suzart; DAVID, Helena Maria Scherlowski Leal; LOPES, Marcia Raposo Cavalcanti; SILVA, Maria Rocineide Ferreira da; COUTINHO, Monica Marxsen de Aguiar Rocha; PEKELMAN, Renata; DANTAS, Vera Lúcia de Azevedo (Orgs.). EdPopSUS: curso de educação popular em saúde. Rio de Janeiro: EPSJV, 2025.

PIMENTA, Tânia Salgado. Curas, rituais e amassamentos com plantas entre escravizados e libertos no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1810 a 1850. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 17, n. 1, p. e20210076, 2022.

PUTTINI, Rodolfo Franco. Faith healing and the field of healthcare in Brazil. Interface - Comunic, Saúde, Educ., v.12, n.24, p.87-106, jan./mar. 2008.

RADOMSKI, Maria Izabel. Plantas medicinais–tradição e ciência. Florestas e Meio Ambiente, p. 1-4, 2003.

REGO, Maria Fernanda Gusmão. Saberes tradicionais, práticas de benzimento e educação popular em saúde. 2023. 93 folhas. Dissertação. Mestrado em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei. São João del-Rei, 2023 Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/ppgpsi/DISSERTACAO%20MARIA%20FERNANDA%20FINAL.pdf. Acesso em: 04 abr. 2025.

SILVA, Alan Camargo. Itinerário terapêutico e doença crônica: aproximações necessárias para a Educação Física. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 21, n. 1, p. 30, 2022.

TAVARES, Fátima Regina Gomes; BONET, Octavio. Itinerário terapêutico e práticas avaliativas: algumas considerações. In: Atenção Básica e Integralidade: Contribuições para estudos de práticas avaliativas em saúde. 2008. p. 189-196.

VASCONCELOS, Mardênia Gomes Ferreira; JORGE, Maria Salete Bessa. Itinerários terapêuticos de famílias em busca do cuidado para os problemas de saúde mental. In: Contextos, parcerias e itinerários na produção do cuidado integral: diversidade e interseções. 2015. p. 285-299.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Borrador de Declaração. In: Conferência Internacional sobre atención primaria de la salud: Hacia la cobertura universal de salud y el desarrollo sostenible, 2., 2018, Astaná. Borrador de Declaración. Geneva: WHO, 2018.

ZAMBELLI, Janaína da Câmara et al. Como os gerentes percebem as dificuldades de implantação e implementação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde na Atenção Primária à Saúde?. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 34, p. e34056, 2024.

Published

2025-11-28

Issue

Section

Articles

How to Cite

CORDEIRO, Brunella Gomes; PEIXOTO, Melina Barbosa. CURANDEIRISMO: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E USO DE PLANTAS MEDICINAIS COMO ESTRATÉGIAS PARA A EQUIDADE EM SAÚDE. ARACÊ , [S. l.], v. 7, n. 11, p. e10521, 2025. DOI: 10.56238/arev7n11-369. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/arace/article/view/10521. Acesso em: 5 dec. 2025.