UM OLHAR SOBRE OS DESDOBRAMENTOS DO RACISMO CIENTÍFICO NO CAMPO EDUCACIONAL E SUAS POLÍTICAS DE SUPERAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n11-280Palavras-chave:
Racismo Científico, Educação Antirracista, Lei nº 10.639/2003, Ações AfirmativasResumo
O presente artigo analisa criticamente como o racismo científico, enquanto pseudociência historicamente construída, contribuiu para a consolidação de práticas e discursos racistas nas instituições de ensino brasileiras, visando compreender seus impactos na formação educacional e propor caminhos para uma educação antirracista. A partir de uma abordagem teórico-reflexiva, fundamentada em autores como Kabengele Munanga, Nilma Lino Gomes, Petrolina Gonçalves e Silva, Sueli Carneiro, Paulo Freire e Cida Bento, o estudo tenta compreender como as teorias raciais dos séculos XVIII e XIX influenciaram o currículo e as práticas pedagógicas contemporâneas. Discute-se, ainda, os avanços e desafios decorrentes da implementação da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatória a inclusão da história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica. Os resultados evidenciam que, embora haja progressos na institucionalização de políticas educacionais antirracistas, a efetivação plena dessas ações ainda enfrenta barreiras estruturais e simbólicas. Conclui-se que a superação do legado do racismo científico pode acontecer sob uma perspectiva decolonial e o fortalecimento do currículo e de práticas pedagógicas que valorizem a diversidade e promovam a equidade racial. Assim, a escola se reafirma como espaço de resistência, transformação e emancipação, contribuindo para a construção de uma sociedade plural, justa e verdadeiramente democrática.
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