EFEITOS ARRITMOGÊNICOS DOS ESTEROIDES ANABOLIZANTES: IMPLICAÇÕES PARA A CARDIOLOGIA DO ESPORTE
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n54-180Palavras-chave:
Esteroides Anabolizantes Androgênicos, Arritmias, Remodelamento Cardíaco, Cardiologia do EsporteResumo
Introdução: O uso indevido de esteroides anabolizantes androgênicos tornou-se cada vez mais prevalente entre atletas e fisiculturistas recreacionais, gerando grande preocupação quanto à sua segurança cardiovascular. Evidências experimentais, clínicas e epidemiológicas sugerem que essas substâncias podem induzir remodelamento estrutural, desequilíbrio autonômico e distúrbios elétricos capazes de desencadear arritmias clinicamente significativas. Compreender todo o espectro dos efeitos arritmogênicos é essencial para orientar estratégias de triagem e aprimorar a prática da cardiologia do esporte.
Objetivo: O objetivo principal desta revisão sistemática foi sintetizar as evidências atuais sobre os efeitos arritmogênicos dos esteroides anabolizantes androgênicos. Os objetivos secundários incluíram avaliar alterações estruturais, eletrofisiológicas e autonômicas; comparar perfis de risco entre diferentes regimes de esteroides; examinar os mecanismos subjacentes à instabilidade elétrica; identificar modificadores populacionais de risco; e avaliar a qualidade metodológica e a certeza das evidências disponíveis.
Métodos: Foi realizada uma busca abrangente nas bases PubMed, Scopus, Web of Science, Cochrane Library, LILACS, ClinicalTrials.gov e ICTRP. Estudos publicados na última década foram considerados elegíveis, com prioridade para participantes humanos e desfechos relacionados a arritmias. Dois revisores independentes realizaram a seleção dos estudos e a extração dos dados seguindo as diretrizes PRISMA. O risco de viés foi avaliado por meio de ferramentas validadas, e a certeza da evidência foi classificada segundo o framework GRADE.
Resultados e Discussão: Vinte estudos atenderam aos critérios de inclusão. Em modelos animais, coortes clínicas, estudos de imagem e investigações mecanísticas, evidências consistentes demonstraram associações entre o uso de esteroides e fibrose miocárdica, disfunção ventricular, redução da variabilidade da frequência cardíaca, anormalidades na repolarização e maior prevalência de arritmias supraventriculares e ventriculares. Embora a heterogeneidade dos padrões de exposição tenha limitado análises combinadas, a convergência de achados estruturais, autonômicos e eletrofisiológicos sustenta um risco arritmogênico clinicamente significativo.
Conclusão: O uso de esteroides anabolizantes androgênicos está associado a substancial potencial arritmogênico, apoiado por evidências convergentes de múltiplas modalidades diagnósticas. Triagem cardiovascular rotineira, detecção precoce de disfunções subclínicas e manejo interdisciplinar são essenciais para mitigar a morbidade e mortalidade relacionadas a arritmias entre atletas e usuários recreacionais.
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