TRICOTILOMANIA E TRANSTORNO DE ESCORIAÇÃO: CORRELATOS NEUROBIOLÓGICOS E RESULTADOS DO TRATAMENTO
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n54-054Palavras-chave:
Tricotilomania, Doenças de Pele, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Terapia Cognitivo-ComportamentalResumo
Introdução: A tricotilomania e o transtorno de escoriação são comportamentos repetitivos crônicos focados no corpo que resultam em sofrimento psicológico significativo e danos físicos. Ambas as condições são classificadas como transtornos obsessivo-compulsivos e relacionados, compartilhando mecanismos neurobiológicos que envolvem a desregulação dos circuitos córtico-estriato-tálamo-corticais. Apesar dos avanços na compreensão desses transtornos, sua fisiopatologia subjacente e as estratégias ideais de tratamento ainda não estão totalmente esclarecidas.
Objetivo: O principal objetivo desta revisão foi avaliar sistematicamente os correlatos neurobiológicos e os desfechos de tratamento em pacientes com tricotilomania e transtorno de escoriação. Os objetivos secundários incluíram: (1) examinar o papel da neuroimagem funcional e estrutural na elucidação de anormalidades neurais; (2) avaliar intervenções farmacológicas, incluindo agentes glutamatérgicos e serotoninérgicos; (3) avaliar a eficácia das terapias cognitivo-comportamentais e do treino de reversão de hábito; (4) comparar os resultados entre modalidades terapêuticas combinadas; e (5) identificar lacunas na literatura para orientar futuras pesquisas.
Métodos: Foi realizada uma busca sistemática nas bases PubMed, Scopus, Web of Science, Cochrane Library, LILACS, ClinicalTrials.gov e no registro da OMS ICTRP, para estudos publicados entre janeiro de 2015 e dezembro de 2025. Foram incluídos estudos elegíveis como ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte, caso-controle e pesquisas de neuroimagem envolvendo participantes humanos diagnosticados com tricotilomania ou transtorno de escoriação. Estudos com animais e in vitro foram incluídos separadamente quando relevantes. O risco de viés foi avaliado utilizando as ferramentas RoB 2 e ROBINS-I, e a certeza das evidências foi analisada por meio do sistema GRADE.
Resultados e Discussão: Vinte e três estudos atenderam aos critérios de inclusão, abrangendo análises de neuroimagem, ensaios farmacológicos e avaliações de terapias comportamentais. Os achados neurobiológicos implicaram consistentemente a hiperatividade no córtex cingulado anterior, na ínsula e nos gânglios da base, enquanto intervenções farmacológicas como N-acetilcisteína e ISRS apresentaram eficácia variável. As intervenções cognitivo-comportamentais, especialmente o treino de reversão de hábito, demonstraram as melhorias mais consistentes entre os estudos. Abordagens de tratamento multimodal pareceram produzir resultados superiores.
Conclusão: A tricotilomania e o transtorno de escoriação exibem disfunções neurais compartilhadas nos circuitos de controle inibitório, sustentando sua conceituação como transtornos relacionados do espectro compulsivo. A terapia comportamental continua sendo a base do tratamento, embora estratégias farmacológicas adjuvantes possam potencializar os resultados em casos selecionados. Pesquisas contínuas que integrem neuroimagem e acompanhamento longitudinal são essenciais para refinar intervenções individualizadas baseadas em mecanismos.
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