PERSPECTIVISMO E VEROSSIMILHANÇA EM “INFERNO VERDE” (2021), DE BRUNO SÉRVULO

Resumo

Este artigo analisa o conto “Inferno Verde” (2021), de Bruno Sérvulo, a fim de compreender como a literatura amazônica contemporânea articula realismo e imaginação mítica por meio da categoria de verossimilhança e do conceito de perspectivismo ameríndio. A pesquisa, de caráter qualitativo, utilizou referenciais críticos brasileiros para examinar a construção narrativa em seus aspectos de espaço, tempo, personagens e narrador. Observou-se que a descrição detalhada de práticas cotidianas, como a extração do açaí, confere efeito de realidade e sustenta o pacto ficcional, permitindo a aceitação do insólito. Constatou-se também que a metamorfose dos personagens em encantados expressa a lógica perspectivista, na qual a floresta atua como sujeito ativo e transformador. Conclui-se que a obra de Sérvulo transcende o regionalismo ao propor novas formas de compreensão do mundo, colocando em diálogo epistemologias diversas e reafirmando a literatura amazônica como espaço de elaboração crítica e cultural.