Currículo integrado, superando a lógica do tempo escolar

Resumo

O presente artigo discute a fragmentação do saber e do ser humano causada pela lógica do tempo na sociedade moderna e contemporânea, onde o tempo é controlado pelos patrões, que desfrutam do ócio e do saber científico, enquanto os trabalhadores executam tarefas dentro de um tempo rigidamente controlado. Esse dualismo também permeia a educação brasileira, com a separação entre educação geral para as elites e preparação para o trabalho para as classes desfavorecidas, consolidada na década de 1940. A organização escolar, marcada pela uniformidade, não leva em conta as diversas variáveis sociais e individuais, resultando em um tempo pedagógico fragmentado. O artigo propõe a superação dessa lógica através de uma educação que promova a formação integral do ser humano, unindo trabalho manual e intelectual. Isso requer uma abordagem curricular que não seja linear e fragmentada, mas sim integrada e dialética, considerando o trabalho como elemento central da formação humana. A perspectiva dialética sugere a reconstrução de totalidades pela relação entre as partes, e a superação da lógica temporal capitalista, que controla o tempo da produção. A integração curricular deve ir além da sobreposição de disciplinas e ser orientada por abordagens metodológicas inovadoras que permitam uma compreensão mais ampla e complexa dos fenômenos. Além disso, o currículo integrado precisa conectar conceitos científicos com suas aplicações práticas e sociais, promovendo uma formação completa e crítica. Por fim, o artigo defende que o currículo integrado transcenda a temporalidade linear e fragmentada, reconhecendo a importância dos ritmos individuais de aprendizagem e a necessidade de uma educação que vá além da reprodução de conhecimentos, promovendo a resistência às lógicas desumanizadoras do capital. A escola deve, assim, integrar os tempos e espaços individuais e coletivos, permitindo uma educação que seja verdadeiramente formativa e transformadora.