EMPREGABILIDADE DE ADULTOS AUTISTAS NO BRASIL: EVIDÊNCIAS DO CENSO 2022 E DESIGUALDADES ESTRUTURAIS
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n50-102Palavras-chave:
Autista Adulto, Empregabilidade, Políticas Públicas, Inclusão Produtiva, Desigualdades SociaisResumo
Este artigo analisa a empregabilidade de pessoas adultas autistas no Brasil, utilizando microdados do Censo Demográfico 2022 e indicadores contextuais do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). A pesquisa adota abordagem quantitativa explicativa, com aplicação de modelos estatísticos multivariados (regressão logística, probit e análise de sobrevivência de Cox), ajustados por variáveis sociodemográficas, educacionais, funcionais e territoriais. Os resultados revelam que a taxa de ocupação entre adultos autistas varia entre 10% e 22%, situando-se muito abaixo da média da população geral. Baixa escolaridade, presença de deficiência intelectual, pertencimento a grupos racializados e residência em municípios com baixo IDH-M constituem fatores estatisticamente associados à menor probabilidade de inserção laboral. O estudo evidencia que a escolarização não se converte automaticamente em empregabilidade, sendo mediada por barreiras institucionais, estigmas sociais e ausência de políticas públicas específicas. As análises reforçam a insuficiência das abordagens baseadas unicamente na teoria do capital humano e apontam para a necessidade de estratégias intersetoriais de inclusão produtiva. Recomenda-se a criação de programas de qualificação profissional adaptados, apoio técnico no ambiente de trabalho e fortalecimento de mecanismos de mediação laboral. A pesquisa conclui que a exclusão de pessoas adultas autistas do mercado de trabalho brasileiro é sustentada por mecanismos estruturais e interseccionais, demandando políticas públicas baseadas em evidências e territorializadas. O estudo contribui para a formulação de diagnósticos robustos e oferece subsídios técnicos à promoção do direito ao trabalho de pessoas autistas no Brasil.