O conceito de território na perspectiva dos estudos agrários sobre povos e comunidades tradicionais: Diálogos e reflexões

Resumen

Os percursos trilhados pelo conceito de território no campo da história da geografia são marcados pelas influências sociais, políticas e teórico-metodológicas que afetaram as formas de pensar a geografia e o papel desempenhado pelo território na dinâmica social. Nesse sentido, autores como Haesbaert (2019), Saquet (2020), Gottmann (2012), Claval (1999), Andrade (2004), entre outros, discutem de modo aprofundado os caminhos percorridos pelo conceito de território na geografia, trazendo elementos que nos auxiliam a compreender as abordagens que o conceito obteve ao longo da história da geografia, as quais são influenciadas por conjunturas mais estruturais, a exemplo das mudanças epistemológicas e das transformações gestadas no âmbito da realidade social, como nos ressalta Claval (1999). Dito isso, o objetivo da presente pesquisa é analisar as abordagens do conceito de território em pesquisas que discutem povos indígenas e comunidades quilombolas em textos selecionados. No âmbito metodológico, destacamos que a pesquisa fundamenta-se na análise de conteúdo, consoante Bardin (2022), de trabalhos publicados nos anais do Simpósio Internacional de Geografia Agrária (SINGA), entre os anos de 2003 e 2019, totalizando nove edições analisadas. No campo dos resultados da pesquisa, identificamos a presença de distintas abordagens do conceito de território nas pesquisas, notadamente a partir de concepções multidimensionais, relacionais e integradoras do conceito de território propostas por distintos geógrafos e geógrafas, como Rogério Haesbaert, Claude Raffestin, Marcos Aurélio Saquet, Milton Santos, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Bernardo Mançano Fernandes, Joël Bonnemaison, Maria Geralda de Almeida e Carlos Walter Porto-Gonçalves, entre outros. Por fim, no quadro das conclusões da pesquisa, detectamos que dentro do recorte de pesquisa adotado, existe uma centralidade do conceito de território como elemento importante no estudo de povos indígenas e comunidades quilombolas, fato que, de certo modo, reflete a importância que o conceito vem galgando no campo dos estudos agrários.