IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA TRANSMISSÃO ORAL DO HPV NO DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS DE CABEÇA E PESCOÇO

Resumo

O papilomavírus humano (HPV) desempenha papel crescente na etiologia das neoplasias de cabeça e pescoço, especialmente em orofaringe e cavidade oral, com destaque para os genótipos 16 e 18. A transmissão oral ocorre predominantemente por contato íntimo com mucosas infectadas, sendo o sexo oral a principal via, o que explica o aumento da incidência desses tumores em indivíduos jovens, não fumantes e abstêmios de álcool. Este estudo, conduzido por meio de revisão integrativa de literatura nas bases PubMed, SciELO, LILACS, Web of Science e BVS, contemplou publicações entre 2010 e 2025 em português, inglês e espanhol. Os resultados evidenciam que tumores HPV-positivos apresentam melhor prognóstico e maior resposta terapêutica, porém cursam com relevantes impactos funcionais, como disfagia, alterações na fala e prejuízo nutricional, comprometendo a qualidade de vida. A detecção viral, por meio de testes moleculares e marcadores como p16INK4a, é essencial para o diagnóstico etiológico e planejamento terapêutico individualizado. A prevenção constitui o eixo central do controle dessas neoplasias, sendo a vacinação contra o HPV a estratégia mais eficaz para reduzir sua incidência. Apesar da oferta gratuita da vacina no Brasil, a baixa adesão, especialmente entre meninos, compromete a imunidade coletiva. Campanhas educativas e ações de conscientização, como o “Julho Verde”, associadas à ampliação da cobertura vacinal e ao rastreamento precoce de lesões orais suspeitas, são fundamentais para a redução da morbimortalidade. Conclui-se que a integração entre políticas públicas, diagnóstico molecular, educação em saúde e abordagem multiprofissional representa a base para o controle das neoplasias de cabeça e pescoço associadas ao HPV.