EDUCAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO ROMANCE DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n50-020Palavras-chave:
Educação, Representação da mulher, Machado de AssisResumo
Este artigo propõe evidenciar a educação e a representação da mulher no romance Dom Casmurro, com base na trajetória da personagem Capitu, inserida no contexto social do século XIX. A problemática reside na análise das limitações impostas à educação das mulheres e nos mecanismos de silenciamento feminino no período oitocentista. O estudo objetiva investigar de que modo a personagem é representada por Machado de Assis a partir da perspectiva de um narrador masculino e pouco confiável. Dessa forma, destaca-se o rompimento dos modelos tradicionais de feminilidade através de traços de autonomia, astúcia e ambiguidade de Capitu. Apesar disso, ao investigar de que modo a educação da personagem se estabelece, nos deparamos com restrições que reforçam o modelo tradicional de ensino a que mulheres da época eram submetidas. A metodologia adota uma abordagem qualitativa e interpretativa, centrada na análise textual do romance e fundamentada em autoras como Nísia Floresta (2016), Vera Andrade (1999), Linda Gualda (2007), entre outras. Com base na análise da obra, os resultados evidenciam que Capitu, ainda que inserida em um contexto patriarcal, que restringe o acesso das mulheres ao saber formal, consegue se deslocar entre as normas sociais, sem se submeter completamente a elas. Conclui-se que o autor do romance, apesar de não tratar diretamente das questões sobre gênero e educação, sobretudo no contexto feminino, propicia, a partir de sua narrativa, interpretações que favorecem uma maior compreensão dessas problemáticas.