“É PRECISO SER ANTIRRACISTA”: DISCRIMINAÇÃO RACIAL CONTRA ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS – UMA ANALÍSE A PARTIR DO GÊNERO
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n47-097Palabras clave:
Discriminação racial, Racismo cotidiano, EstudantesResumen
A discriminação racial no Brasil, historicamente ligada ao passado escravagista, permanece presente em diversas esferas sociais, incluindo o ambiente universitário. Este estudo teve como objetivo analisar experiências de discriminação racial entre estudantes universitários a partir da variável de gênero. A pesquisa, de abordagem quantitativa, descritiva, exploratória e transversal, foi realizada entre setembro e dezembro de 2023 com 829 estudantes de cinco instituições de ensino superior do Ceará. A coleta de dados ocorreu de forma híbrida, utilizando um formulário eletrônico com questões sociodemográficas e a Escala de Experiências de Discriminação Racial, validada no Brasil. A análise estatística foi realizada por meio de frequências, médias, desvio padrão e o teste exato de Fisher, com nível de significância de p < 0,05. Os resultados revelaram que 30,2% das mulheres, 31,7% dos homens, 50% dos não-binários e 100% dos que não se identificaram relataram experiências de discriminação racial, sem significância estatística (p = 0,059). A discriminação ao procurar emprego foi significativa (p = 0,031), com maior prevalência entre pessoas não-binárias (50%) e não identificadas (33,3%) em comparação a mulheres (9,9%) e homens (12,7%). A discriminação por parte da polícia ou do sistema judiciário apresentou associação altamente significativa (p = 0,001), afetando 11,9% dos homens, 4,8% das mulheres, 25% dos não-binários e 33,3% dos não identificados. Também foi observada associação entre gênero e a forma de lidar com injustiças (p = 0,013), com mulheres (79,9%) e homens (73,2%) relatando que costumam falar com outras pessoas sobre essas experiências. Embora preocupações com injustiça racial durante a infância e adolescência tenham sido mais relatadas por mulheres (66,8%) do que por homens (59%), essa diferença não foi estatisticamente significativa (p = 0,052). Conclui-se que a interseccionalidade entre raça e gênero influencia a exposição à discriminação, especialmente em espaços institucionais, reforçando a necessidade de políticas públicas antirracistas que promovam equidade e bem-estar à população negra no ensino superior.