PREVALÊNCIA E CONDIÇÕES DOMICILIARES ASSOCIADAS AO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO BRASIL, TOCANTINS E GURUPI: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA A PARTIR DO CENSO 2022 (IBGE)

Autores

  • Helloysa Chayane de Melo Author
  • Sara Falcão de Sousa Author

DOI:

https://doi.org/10.56238/levv16n55-012

Palavras-chave:

Transtorno do Espectro Autista, Censo 2022, Epidemiologia, Desigualdades em Saúde, Tocantins

Resumo

O Censo Demográfico de 2022 representou um marco estatístico ao investigar, pela primeira vez, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em escala nacional. Este estudo teve como objetivo analisar a prevalência e o perfil sociodemográfico do TEA no Brasil, no estado do Tocantins e no município de Gurupi, correlacionando-os com indicadores de infraestrutura domiciliar. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e transversal, realizado a partir dos microdados do IBGE. Foram analisadas variáveis de diagnóstico, sexo, idade, cor/raça e condições de habitabilidade. Os resultados revelaram uma prevalência nacional estimada de 1,12% a 1,20%, patamar congruente com a literatura internacional. No recorte municipal de Gurupi, identificou-se uma frequência absoluta censitária de 203 casos (faixa de 0 a 14 anos), evidenciando uma lacuna em relação à estimativa populacional esperada de aproximadamente 1.082 casos, o que sugere desafios na identificação censitária ou subnotificação diagnóstica na região. O perfil demográfico confirmou a predominância masculina no Brasil (73,69%) e no Tocantins (73,12%), com uma assimetria ainda mais acentuada em Gurupi, onde 88,18% dos casos identificados são do sexo masculino. A análise etária evidenciou maior concentração de diagnósticos na faixa de 5 a 9 anos, indicando o papel central da escolarização na identificação de casos. Quanto à infraestrutura, observaram-se disparidades regionais críticas: enquanto a maioria dos domicílios brasileiros com TEA possui acesso adequado à rede geral de água, no Tocantins os indicadores apontaram maior vulnerabilidade sanitária. Conclui-se que, embora o Censo tenha avançado na visibilidade do autismo, as desigualdades regionais e de gênero demandam políticas públicas focalizadas.

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Publicado

2025-12-03

Como Citar

DE MELO, Helloysa Chayane; DE SOUSA, Sara Falcão. PREVALÊNCIA E CONDIÇÕES DOMICILIARES ASSOCIADAS AO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO BRASIL, TOCANTINS E GURUPI: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA A PARTIR DO CENSO 2022 (IBGE). LUMEN ET VIRTUS, [S. l.], v. 16, n. 55, p. e10679 , 2025. DOI: 10.56238/levv16n55-012. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/LEV/article/view/10679. Acesso em: 29 dez. 2025.