LINFOMA DE BURKITT COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM CASOS DE ABDOME AGUDO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA LITERATURA

Resumo

Objetivo: Realizar uma revisão sistemática sobre o linfoma de Burkitt do trato gastrointestinal, com foco em sua apresentação clínica na emergência e nos principais diagnósticos diferenciais com outras causas de abdome agudo, como apendicite, obstrução intestinal e intussuscepção. Metodologia: É uma revisão sistemática focada em compreender os aspectos clínicos e histopatológicos que auxiliam no diagnóstico diferencial do linfoma de Burkitt gastrointestinal. A pesquisa foi guiada pela pergunta: “Quais são as características clínicas, radiológicas e histopatológicas do linfoma de Burkitt do trato gastrointestinal que podem auxiliar no diagnóstico diferencial com outras causas de abdome agudo em pacientes atendidos na emergência?”. Foram realizadas buscas nas bases PubMed/MEDLINE, SciELO e LILACS, utilizando os descritores “Burkitt Lymphoma”, “Digestive System Neoplasms”, “Gastrointestinal Tract”, “Diagnosis, Differential” e “Lymphoma, Non-Hodgkin”, combinados pelo operador booleano “AND”. A busca resultou em 234 artigos, dos quais 9 compuseram a amostra final da revisão. Resultados: Os estudos demonstraram que o linfoma de Burkitt gastrointestinal, embora raro, é uma causa relevante de abdome agudo, especialmente em pacientes jovens do sexo masculino. A doença apresenta-se com sintomas inespecíficos, como dor abdominal, náuseas, vômitos e sinais de irritação peritoneal, frequentemente confundidos com apendicite ou obstrução intestinal. O íleo terminal e o íleo-ceco foram as regiões mais acometidas, com achados de espessamento parietal e massas intestinais associadas a linfonodomegalias mesentéricas. A tomografia computadorizada mostrou-se essencial para a suspeita diagnóstica, e a confirmação foi obtida por biópsia e imunohistoquímica, com expressão de CD10, CD20, BCL-6 e reordenação do gene c-MYC. Conclusão: O linfoma de Burkitt deve ser considerado no diagnóstico diferencial de abdome agudo, principalmente diante de apresentações atípicas ou refratárias ao tratamento convencional. O reconhecimento precoce por meio de exames de imagem e confirmação histológica é fundamental para evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias e possibilitar o início rápido da quimioterapia, melhorando o prognóstico. O conhecimento dessa entidade clínica é essencial para médicos emergencistas, cirurgiões e clínicos, dada sua relevância e potencial gravidade.