ASPECTOS ATUAIS DA RESSUSCITAÇÃO VOLÊMICA EM PACIENTES TRAUMATIZADOS
DOI:
https://doi.org/10.56238/ERR01v10n7-055Palavras-chave:
Trauma Múltiplo, Choque Hemorrágico, HipovolemiaResumo
Introdução: A hemorragia é uma das principais causas evitáveis de morte em pacientes politraumatizados, tornando a ressuscitação volêmica um componente crítico no manejo do choque hemorrágico. As estratégias tradicionais baseadas no uso de grandes volumes de cristaloides têm sido questionadas devido aos riscos de coagulopatia, hipotermia e disfunção orgânica. Novas abordagens, como a hipotensão permissiva, o uso precoce de hemocomponentes e terapias adjuvantes — como inibidores de BTK e esteroides conjugados — têm demonstrado resultados promissores. Este artigo discute os avanços recentes e os desafios atuais da ressuscitação volêmica no trauma, com base em evidências experimentais e clínicas.
Objetivo: Analisar os avanços e desafios atuais da ressuscitação volêmica em pacientes vítimas de trauma, com foco em estratégias baseadas em evidências voltadas à melhoria dos desfechos clínicos.
Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, conduzida em etapas, incluindo definição do tema, critérios de inclusão e exclusão, seleção de descritores e triagem e avaliação dos artigos. A questão norteadora foi: “Quais são os aspectos atuais da ressuscitação volêmica em pacientes traumatizados?”. As buscas foram realizadas nas bases de dados BVS e LILACS, utilizando os descritores “multiple trauma”, “shock hemorrhagic” e “hypovolemia”, combinados com os operadores booleanos “AND” e “OR”. Foram incluídos artigos científicos completos, em português ou inglês, publicados entre 2020 e 2025. Foram excluídos textos não científicos e indisponíveis. Dos 4.930 artigos encontrados, 63 foram selecionados para compor a revisão.
Resultados: Os resultados demonstram que o uso excessivo de solução salina a 0,9% está associado à hipercloremia, acidose, lesão renal e aumento da mortalidade, especialmente em crianças com trauma grave. Estratégias como a hipovolemia permissiva mostraram-se eficazes na redução da mortalidade e das complicações. Além disso, intervenções precoces, como o uso de sangue total tipo O e o monitoramento por ROTEM, contribuíram para melhores desfechos. Em nível molecular, alterações em ADORA3, NOS3 e vesículas extracelulares sugerem bom valor prognóstico. Assim, a ressuscitação volêmica individualizada destaca-se como abordagem essencial para otimizar os resultados clínicos.
Conclusão: A ressuscitação volêmica em pacientes traumatizados deve seguir uma abordagem integrada, individualizada e baseada em evidências. A adequada seleção do tipo e volume de fluidos, a administração precoce de hemocomponentes, o uso de estratégias como a ressuscitação hipotensiva e a implementação de soluções balanceadas contribuem para melhores desfechos clínicos. Ademais, o uso de biomarcadores e terapias adjuvantes, como inibidores de BTK e esteroides conjugados, aponta para um futuro terapêutico mais preciso e eficaz. A implementação dessas práticas exige protocolos bem estruturados, equipes treinadas e recursos adequados, tanto no ambiente pré-hospitalar quanto hospitalar, com o objetivo de reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade do cuidado aos pacientes politraumatizados.
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