INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA: AVANÇOS E DESAFIOS NO DIAGNÓSTICO

Resumo

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é uma síndrome clínica complexa, caracterizada por disfunção diastólica e marcada heterogeneidade fenotípica. Sua prevalência cresce de forma expressiva, impulsionada pelo envelhecimento populacional, obesidade e doenças cardiometabólicas, configurando-se como importante problema de saúde pública. O diagnóstico precoce ainda representa grande desafio, em razão da sobreposição de sintomas com outras comorbidades e da limitação de marcadores tradicionais, como os peptídeos natriuréticos, que podem permanecer normais em parte dos pacientes. Nos últimos anos, avanços significativos têm sido alcançados, como o desenvolvimento de escores clínicos (H₂FPEF e HFA-PEFF), a aplicação de técnicas de imagem avançadas, como o strain global longitudinal e a ressonância magnética cardíaca, além da investigação de novos biomarcadores inflamatórios e pró-fibróticos (ST2, galectina-3). Tais inovações contribuem para uma avaliação diagnóstica mais acurada e permitem melhor estratificação prognóstica. Contudo, limitações relacionadas ao custo, acesso desigual e falta de validação em diferentes contextos populacionais ainda restringem sua aplicabilidade em larga escala. Assim, compreender os mecanismos fisiopatológicos, reconhecer as limitações atuais e incorporar as novas ferramentas diagnósticas de forma racional são passos fundamentais para enfrentar os desafios da ICFEP e otimizar o cuidado aos pacientes.