SUBJETIVIDADE NO DIREITO: ENTRE A FORMA NORMATIVA E A PARIDADE MATERIAL DE PARTICIPAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n9-107Palavras-chave:
Subjetividade Jurídica, Paridade Material de Participação, Reconhecimento, Constitucionalismo, Teoria do DireitoResumo
Este artigo investiga como o Direito constrói subjetividades e em que condições o reconhecimento jurídico ultrapassa a igualdade formal para produzir paridade material de participação. Sustenta-se a tese de que a efetivação dessa paridade depende da articulação entre três dimensões analíticas: (i) forma normativa (validade constitucional/convencional, coerência do sistema e garantias); (ii) justificação pública (deliberação inclusiva, transparência das razões e controle argumentativo); e (iii) materialidade (redução de barreiras estruturais e ampliação real de capacidades). Metodologicamente, combina-se reconstrução teórica (com diálogo entre tradição formal-normativa e viradas deliberativa e material-crítica) e análise dogmático-comparada de casos paradigmáticos (STF, Corte IDH e jurisdição comparada), utilizando uma matriz analítica que organiza evidências segundo as três dimensões. Os resultados indicam que, onde a forma normativa e a justificação pública não se convertem em transformações materiais, prevalece um reconhecimento simbólico; quando há convergência entre as dimensões, observam-se ganhos institucionais duradouros de participação. Conclui-se com implicações para desenho institucional e uma agenda de pesquisa aplicada.
Downloads
Referências
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008 [2002].
AMNISTÍA INTERNACIONAL. México: el Estado sigue sin proteger a las mujeres de la violencia. 2019.
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. São Paulo: Paz e Terra, 1986. DOI: https://doi.org/10.22201/fcpys.24484903e.1986.2.60044
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 8. ed. Brasília: UnB, 1999.
BUTLER, Judith. Gender Trouble. New York: Routledge, 1990.
BUTLER, Judith. Undoing Gender. New York: Routledge, 2004. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203499627
CORTE CONSTITUCIONAL (Colômbia). Sentencia T-622/16, 10.11.2016.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso González y otras (“Campo Algodonero”) v. México. Sentença de 16.11.2009.
CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex. University of Chicago Legal Forum, 1989.
DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na Idade da Globalização e da Exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000.
FACCHINI, Regina; FRANÇA, Isadora Lins. Políticas de gênero e sexualidade: avanços e desafios no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2020.
FRANCIS, Andrew; TANNURI-PIANTO, Maria. “The redistributive impact of affirmative action in Brazil”. Review of Economics and Statistics, v. 98, n. 4, p. 664-679, 2016.
FRASER, Nancy. Redistribution or Recognition? A Political-Philosophical Exchange. London: Verso, 2003.
FRASER, Nancy. Scales of Justice. New York: Columbia University Press, 2009.
GUYER, Paul. Kant. New York: Routledge, 2006. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203966624
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
HONNETH, Axel. Das Recht der Freiheit. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2011.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Edson Bini. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
KANT, Immanuel. À Paz Perpétua. Trad. Rodrigo Naves. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
KANT, Immanuel. Metafísica dos Costumes. Trad. Edson Bini. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Trad. João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
KORSGAARD, Christine M. Creating the Kingdom of Ends. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139174503
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2016.
NUSSBAUM, Martha C. Creating Capabilities. Cambridge: Harvard University Press, 2011. DOI: https://doi.org/10.4159/harvard.9780674061200
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. CLACSO, 2000.
ROA-GARCÍA, María Cecilia. “Rights of Nature in Colombia: An opportunity for environmental justice?”. Environmental Politics, v. 29, n. 4, p. 674–692, 2020.
SEGATO, Rita Laura. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos. Buenos Aires: Prometeo, 2014.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Brasil). ADI 4275, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 01.03.2018.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (Brasil). ADPF 186, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 26.04.2012.
YOUNG, Iris Marion. Responsibility for Justice. Oxford: Oxford University Press, 2011.