DAS RUAS AO PAPEL: PERFORMANCES DE GÊNERO, ESTILOS E SUBJETIVIDADES NOS ESCRITOS DE JOÃO DO RIO E DE AMARA MOIRA
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-287Palavras-chave:
João do Rio, Amara Moira, Performative de Gênero, Teoria Queer, Literatura Brasileira, Subjetividades, Autobiografia, Espaço UrbanoResumo
Neste artigo, comparamos as crônicas “O bebê de tarlatana rosa”, integrante da obra Dentro da noite (1910), e “Modern girls”, parte de Vida vertiginosa (1911), ambas de João do Rio, ao romance E se eu fosse puta (2018), de Amara Moira, para investigar a constituição de performances de gênero como artifícios estéticos, como práticas situacionais e como experiências corporais. A hipótese que guia a análise sustenta que, apesar de separados por mais de um século e por regimes distintos de discursividade, os textos partilham o gesto de inscrever identidades como posições performativas e contextuais (Butler, 2018). Com base nas formulações de Butler sobre performatividade e em aportes da teoria queer, da crítica literária e de epistemologias da diferença, argumentamos que o espaço urbano (em João do Rio) e o espaço textual-autobiográfico (em Amara Moira) funcionam como palcos de enunciação identitária, revelando a literatura como tecnologia de subjetivação (Foucault, 1994; Rancière, 2005).
Downloads
Referências
ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. 9. ed. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Trad. Carlos Felipe Moisés; Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria Helena Kühner. 9. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
CIXOUS, Hélène. A risada da Medusa. Trad. Maria Betânia Amoroso. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
DERRIDA, Jacques. De la grammatologie. Paris: Éditions de Minuit, 1967.
DEWEY, John. Arte como experiência. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 2010 [1934].
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1984.
FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos II: arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
HAKIM, Catherine. Erotic Capital: The Power of Attraction in the Boardroom and the Bedroom. New York: Basic Books, 2010.
HALBERSTAM, Jack. In a Queer Time and Place: Transgender Bodies, Subcultural Lives. New York: NYU Press, 2005.
HARAWAY, Donna. Cyborg manifesto: science, technology, and socialist-feminism in the late twentieth century. New York: Routledge, 1991.
HOOKS, bell. Anseios: raça, gênero e políticas culturais. Trad. Ana Luiza Libânio. São Paulo: Elefante, 2019 [1995].
KRISTEVA, Julia. Powers of horror: an essay on abjection. New York: Columbia University Press, 1982.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. Trad. Beatriz Vianna Boeira; Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 1998.
LAURETIS, Teresa de. The technology of gender. Bloomington: Indiana University Press, 1994.
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha; Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
MBEMBE, Achille. On the Postcolony. Berkeley: University of California Press, 2002.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Trad. Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MOIRA, Amara. E se eu fosse puta. São Paulo: Hoo, 2018.
MORAES, José Geraldo Vinci de. Cidade e cultura urbana na Primeira República. São Paulo: Moderna, 1994.
NASCIMENTO, Luciana Marino do. A cidade de papel. Rio Branco: Universidade Federal do Acre, 2011.
O’DONNELL, Julia. De olho na rua: a cidade de João do Rio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
PORTO, Tiago da Silva. A incômoda performatividade dos corpos abjetos. Ide, São Paulo, v. 39, n. 62, p. 157-166, ago./dez. 2016. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062016000200012. Acesso em: 2 ago. 2025.
PRECIADO, Paul B. Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. Trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2018.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2005.
RIO, João do. Dentro da noite. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1910.
RIO, João do. Vida vertiginosa. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1911.
SENNETT, Richard. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. Trad. Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito. Trad. Leopoldo Waizbort. São Paulo: Editora 34, 2005 [1903].
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Regina Goulart Almeida et al. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.