A CRUZ QUE APAGA OS RASTROS ANCESTRAIS – A CONVERSÃO EVANGÉLICA E O DESFIGURAMENTO DA IDENTIDADE INDÍGENA NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n2-298Palabras clave:
Evangelização, Espiritualidade Indígena, Colonização Simbólica, Resistência CulturalResumen
A pesquisa analisa o impacto da evangelização sobre as práticas religiosas e os sistemas de crenças dos povos indígenas, evidenciando o apagamento de rituais e mitologias ancestrais. O avanço das missões evangélicas promove uma reconfiguração das identidades indígenas, frequentemente associada à negação de elementos culturais tradicionais. Esse fenômeno reflete um processo de colonização simbólica, no qual a religiosidade cristã se impõe como única via legítima de fé. Dito isso, o estudo discute as tensões entre tradição e conversão religiosa. Dessa forma, busca-se compreender os efeitos dessa dinâmica na resistência e ressignificação das espiritualidades indígenas. A questão norteadora é: de que maneira a influência evangélica tem transformado as práticas religiosas tradicionais indígenas e o desfiguramento da sua identidade? A fundamentação teórica dialoga com autores Turner (1974), Douglas (1991), Sahlins (1990; 2003), Evans-Pritchard (2004), Geertz (2017), Hellern et. al. (2012), Lévi-Strauss (2012), Eliade (2012), Castro & Cunha (1993), Castro (2002; 2014), entre outros. Metodologicamente a pesquisa é de cunho qualitativo a partir de Minayo (2006), descritivo e bibliográfico conforme Gil (2006) e com o viés compreensivo a partir do olhar de Weber (1964). Os achados da pesquisa demonstram que a evangelização impacta profundamente os sistemas de crenças indígenas, levando à supressão de rituais ancestrais e à deslegitimação das cosmologias tradicionais. No entanto, observam-se também processos de resistência e ressignificação, nos quais elementos cristãos são incorporados às espiritualidades indígenas sem que sua essência seja completamente apagada. A conversão religiosa não ocorre de maneira homogênea, sendo atravessada por dinâmicas locais e estratégias de mediação cultural. Ademais, o fenômeno revela a persistência de tensões entre tradição e modernidade, evidenciando o caráter multifacetado das identidades indígenas contemporâneas.
