IMPLEMENTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE PACIENTES CRÔNICOS EM LONGA PERMANÊNCIA NO HC-UFTM
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev6n3-316Palavras-chave:
Cuidados Paliativos Pediátricos, Internação Prolongada, Qualidade de Vida, Suporte Multidisciplinar, Implementação de Cuidados, HC-UFTMResumo
Introdução: Cuidados Paliativos Pediátricos (CPP) representam uma abordagem multidisciplinar que visa aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida de crianças com doenças graves e suas famílias. Embora normatizados no Brasil, a implementação dos CPP ainda enfrenta desafios, principalmente devido à falta de profissionais especializados e resistência cultural. Este estudo busca avaliar a efetividade e alcance dos CPP em um hospital de referência no Brasil, identificando barreiras e potencialidades para otimizar esses cuidados. Objetivo: Analisar internações pediátricas de longa duração no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) e verificar o fluxo de pacientes crônicos que poderiam se beneficiar dos CPP, buscando compreender o perfil de internações e fatores que influenciam a inclusão tardia nesses cuidados. Metodologia: Realizou-se um estudo retrospectivo baseado na revisão de prontuários médicos de crianças internadas por mais de 30 dias entre 2018 e 2022 nos setores de Pediatria do HC-UFTM, incluindo pronto-socorro infantil, berçário, UTI pediátrica e enfermarias. Foram analisados critérios como tempo de internação, patologias, frequência de internações e dificuldades de alta. Os dados foram organizados em tabelas e gráficos de frequência para facilitar a visualização. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 57388722.7.0000.5154) e formalizado na Plataforma Brasil. Resultados: Foram analisados 180 prontuários, dos quais 106 internações duraram 100 dias ou mais. Dentre os pacientes, 23,9% evoluíram para óbito e, dos 180, apenas dez foram incluídos formalmente em CPP. As principais causas de internação foram prematuridade (30,6%) e desconforto respiratório (22,8%). A análise revelou que 87,5% dos pacientes incluídos em CPP faleceram no mesmo dia ou um dia após o início dos cuidados paliativos, sugerindo a introdução tardia desses cuidados. A falta de documentação e o desligamento abrupto das famílias do acompanhamento pela equipe refletem a necessidade de melhorias na implementação de CPP. Conclusão: A baixa incidência de CPP e a introdução tardia dos cuidados refletem desafios estruturais e culturais na implementação desses serviços. Há uma necessidade urgente de investimentos em capacitação profissional, infraestrutura e apoio contínuo às famílias durante o processo de luto. Parcerias com instituições experientes em CPP podem fortalecer a qualidade do atendimento, assegurando uma abordagem mais digna e compassiva para crianças com doenças graves e suas famílias.