RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE DO SONO, PERCEPÇÃO CORPORAL E OS SINTOMAS MOTORES E SENSITIVOS EM PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA REMITENTE-RECORRENTE
DOI:
https://doi.org/10.56238/arev7n8-002Palavras-chave:
Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente, Qualidade de Sono, Percepção CorporalResumo
A esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR) é uma doença neurológica autoimune, onde o sistema imunológico ataca a bainha de mielina do sistema nervoso central, causando inflamação que prejudica a transmissão dos impulsos nervosos. Caracteriza-se por episódios de surtos com exacerbação dos sintomas, como fadiga, fraqueza em membros inferiores e superiores, tremores e equilíbrio dificuldade para andar, perda de visão, entre outros, seguidos de remissões com recuperação parcial ou completa, que podem durar meses ou anos, durante os quais a progressão da doença é mínima ou ausente. A insônia ou baixa qualidade de sono pode ocorrer indiretamente como consequência da EMRR. Ou seja, um sintoma secundário que é acarretado pela presença dos sintomas específicos da doença e dos pseudo surtos. A Percepção Corporal (PC) pode ser definida de duas maneiras, como Imagem Corporal (IC) e Esquema Corporal (EC). A IC está relacionada ao aspecto psíquico, emocional, cognitivo, sociocultural, evolucionário, genético e neurocientífico, em relação a expectativa da imagem de seu corpo. O EC é a perspectiva que possibilita, por meio de mecanismos cinestésicos e proprioceptivos, o reconhecimento do corpo anatômico e da relação que este estabelece com o meio e com os objetos a sua volta. Diante destas definições, surgiu a oportunidade para relacionar a qualidade de sono com a percepção corporal e os quadros sintomatológicos. Sendo assim, o objetivo do estudo foi analisar a relação entre a qualidade do sono e a percepção corporal, pelo aspecto do esquema corporal e os quadros sintomatológicos da esclerose múltipla. Participaram 18 pessoas, entre 21 e 67 anos, que foram avaliados quanto à qualidade do sono pelo questionário de Pittsburgh, à percepção corporal pelo Teste de Askevold, e aos sintomas por meio de uma entrevista estruturada. Os resultados indicaram que todos os participantes com sono adequado foram classificados como hiperesquemáticos, enquanto 67% dos que apresentaram sono inadequado foram classificados como hipoesquemáticos. Além disso, indivíduos com sono inadequado mostraram uma distribuição equilibrada entre sintomas motores e sensitivos, enquanto aqueles com sono adequado relataram predominantemente sintomas sensitivos. A fadiga foi um sintoma relevante em 67% dos indivíduos com sono inadequado. Esses achados sugerem que a qualidade do sono pode estar associada à percepção corporal e à manifestação dos sintomas na EMRR, destacando a importância de intervenções que melhorem o sono para o manejo dessa condição.
Downloads
Referências
ASKEVOLD, F. Measuring body image: Preliminary report on a new method. Psychother Psychosom. 1975;26(2):71-7. doi: 10.1159/000286913. DOI: https://doi.org/10.1159/000286913
ATTARIAN, H. Importance of sleep in the quality of life of multiple sclerosis patients: a long under-recognized issue. Sleep Medicine, v. 10, p. 7-8, 2009. DOI: https://doi.org/10.1016/j.sleep.2008.02.002
BARROS, D. D. Imagem Corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde –Manguinhos, v. 12, n. 2, p. 547-554, mai./ago. 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-59702005000200020
BERRIGAN, L. I.; FISK, J. D.; PATTEN, S. B. Conducting Semi-Structured Interviews in Multiple Sclerosis Research: A Guide for Clinicians and Researchers. International Journal of MS Care, v. 22, n. 5, p. 213-220, 2020. doi:10.7224/1537-2073.2019-083. DOI: https://doi.org/10.7224/1537-2073.2019-083
BERTI, A.; CAPPA, S. T.; FOLEGATTI, A. Spatial representations, distortions and alterations in the graphic and artistic production of brain-damage patients and of famous artists. Functional Neurology, v. 22, n. 4, p. 243-255, out./dez. 2007.
BLANKE, O.; METZINGER, T. Full-body illusions and minimal phenomenal selfhood. Trends in Cognitive Sciences, v. 13, n. 1, p. 7-13, 2009. DOI: 10.1016/j.tics.2008.10.003. DOI: https://doi.org/10.1016/j.tics.2008.10.003
BUYSSE, D. J.; REYNOLDS, C. F.; MONK, T. H.; BERMAN, S. R.; KUPFER, D. J. The Pittsburgh Sleep Quality Index: a new instrument for psychiatric practice and research. Psychiatry Research, v. 28, p. 193-213, 1989. DOI: https://doi.org/10.1016/0165-1781(89)90047-4
DOBSON, R.; GIOVANNONI, G. Multiple sclerosis – a review. European Journal of Neurology, v. 26, n. 1, p. 27-40, 2019. DOI: https://doi.org/10.1111/ene.13819
FILIPPI, M.; BAR-OR, A.; PIEHL, F.; PREZIOSA, P.; SOLARI, A.; VUKUSIC, S.; ROCCA, M. A. Multiple sclerosis. Nature Reviews Disease Primers, 2018. DOI: https://doi.org/10.1038/s41572-018-0041-4
FREITAS, G. G. O esquema corporal, a imagem corporal, a consciência corporal e a corporeidade. 2. ed. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2004. 96 p.
Guia de Doenças e Sintomas: Esclerose Múltipla (EM). Hospital Israelita Albert Einstein, 2020. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/esclerose-multipla-em.
HAUSER, S. L.; CREE, B. A. C. Treatment of Multiple Sclerosis: A Review. American Journal of Medicine, v. 133, n. 12, p. 1380-1390, 2020. DOI: 10.1016/j.amjmed.2020.05.049. DOI: https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2020.05.049
HOLMES, N.; SPENCE, C. The body schema and the multisensory representation of peripersonal space. Cognitive Process, v. 5, n. 2, p. 94-105, jun. 2004. DOI: https://doi.org/10.1007/s10339-004-0013-3
IRWIN, M. R. Sleep and Inflammation: Partners in Sickness and in Health. Nature Reviews Immunology, v. 19, n. 11, p. 702-715, 2019. DOI: 10.1038/s41577-019-0190-z. DOI: https://doi.org/10.1038/s41577-019-0190-z
LATEEF, O. M.; AKINTUBOSUN, M. O. Sleep and reproductive health. Journal of Circadian Rhythms, Ubiquity Press, 2020. DOI: https://doi.org/10.5334/jcr.190
LE BOULCH, J. Educação Psicomotora: A psicocinética na idade escolar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. 356 p.
MANZINI, E. J. Considerações sobre a transcrição de entrevistas. In: MARQUEZINI, M. C.; MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M (Org.). Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas. Amostragens e técnicas de pesquisa. Elaboração, análise e interpretação de dados. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MOLINARI, E. Estimação do tamanho do corpo na anorexia nervosa. Perceptual and Motor Skills, v. 81, n.1, p.23-31, ago.1995. DOI: https://doi.org/10.2466/pms.1995.81.1.23
.
MURRAY, T. J. Multiple Sclerosis: The History of a Disease. New York: Demos Medical Publishing, 2020.
REICH, D. S.; LUCCHINETTI, C. F.; CALABRESI, P. A. Multiple Sclerosis. New England Journal of Medicine, 2018. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMra1401483
TOSCANO, V. G.; COELHO, F. M.; PRADO, G. F. D.; TUFIK, S.; OLIVEIRA, E. M. L. Sleep disorders in multiple sclerosis: a case-control study using the São Paulo Epidemiologic Sleep Study (Episono) database. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 80, n. 8, p. 822-830, ago. 2022. DOI: 10.1055/s-0042-1755233. DOI: https://doi.org/10.1055/s-0042-1755233
THURM, B. E. et al. Revisão dos métodos empregados na avaliação da dimensão corporal em pacientes com transtornos alimentares. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 60, n. 4, p. 331-336, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v60n4/a15v60n4.pdf. Acesso em: 16 out. 2023.4o DOI: https://doi.org/10.1590/S0047-20852011000400015