SINDEMIA: PARADIGMA TEÓRICO PARA ABORDAGEM INTEGRAL DE SAÚDE

Resumo

O presente artigo tem como objetivo apresentar e discutir uma reflexão conceitual sobre o termo sindemia, de forma não exaustiva, mas comprometida com o rigor teórico inerente às categorias, ideias e conceitos que compõem o debate acerca da teoria sindêmica. Na primeira parte, introduz-se uma perspectiva de saúde sistêmica, abordando dimensões biológicas, políticas e sociais, e destacando as limitações das medidas estritamente biomédicas na mitigação e no enfrentamento de quadros patológicos complexos. Em seguida, apresentam-se, com base nas definições da Organização Mundial da Saúde (OMS), os conceitos de surto, epidemia, pandemia e endemia. Na terceira seção, discute-se o conceito de sindemia conforme Singer (1990), compreendendo-o como um processo de interação sinérgica entre duas ou mais doenças, cujos efeitos se potencializam mutuamente em contextos sociais adversos. Por fim, a partir de Tsai (2018), analisam-se as três principais tipologias de interação sindêmica — epidemias mutuamente causais, epidemias que interagem sinergicamente e epidemias causais em série —, concluindo-se que a concepção de saúde deve ser entendida sob uma perspectiva ampla e coletiva, reconhecendo a necessidade de o poder público e a sociedade promoverem o debate e o desenvolvimento de políticas integradas que articulem intervenções clínicas, sanitárias, socioeconômicas e ambientais.