ENTRE MITOS E INVISIBILIDADES: O QUE ESTUDANTES DO PARÁ PENSAM SOBRE CIENTISTAS?

Resumo

A imagem do cientista, enquanto construída no imaginário dos jovens estudantes, revela as complexas relações entre ciência e sociedade. Este artigo analisa a percepção de estudantes do ensino médio sobre cientistas, em escolas públicas localizadas no interior do estado do Pará. Compreendendo que a imagem do cientista influencia o interesse dos jovens pela ciência e sua percepção sobre quem pode ocupar esse espaço, o estudo teve como objetivo investigar como esses estudantes concebem a figura do cientista e quais elementos simbólicos predominam em suas respostas. A pesquisa, de natureza quantitativa e qualitativa, foi conduzida com 378 estudantes, por meio de questionários estruturados, e os dados foram analisados por frequência e interpretação de conteúdo. Os resultados indicam que, embora a maioria reconheça os cientistas como pessoas inteligentes que contribuem com a humanidade (51,1%), persistem estereótipos relacionados à aparência, ao local de trabalho e ao afastamento das realidades sociais. Apenas 13,2% os veem como pessoas comuns com formação específica, e 72,5% não souberam citar o nome de um cientista brasileiro, revelando invisibilidade da ciência nacional e de sua diversidade. O perfil socioeconômico dos participantes, em sua maioria jovens, pardos, de baixa renda e do sexo feminino, também evidencia a urgência de ações educativas que valorizem cientistas representativos de contextos semelhantes. Conclui-se que é necessário ampliar a presença da ciência brasileira e amazônica nas escolas, com enfoque em trajetórias diversas, como forma de romper com estereótipos e fomentar o pertencimento científico entre jovens de populações historicamente marginalizadas.