HTLV 1 NO BRASIL: UMA BREVE SOBRE EPIDEMIOLOGIA, GRUPOS DE RISCO, DESAFIOS NO DIAGNOSTICO E AS PRINCIPAIS DOENÇAS ASSOCIADAS
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n54-122Palavras-chave:
Grupos de Risco, ATLL, HAM/TSP, Saúde Pública, Estudo EpidemiológicoResumo
O Vírus Linfotrópico de Células T Humano tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus identificado na década de 1980 e reconhecido como um problema de saúde pública, especialmente em países como o Brasil, onde sua prevalência é significativa. Estima-se que entre 800 mil e 2,5 milhões de brasileiros estejam infectados, com maior concentração nas regiões Norte e Nordeste, bem como em populações consideradas vulneráveis. Entre os principais grupos de risco estão doadores de sangue, gestantes, homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e indivíduos coinfectados por HIV, HBV ou HCV. A maioria dos infectados permanece assintomática, dificultando o diagnóstico precoce e a adoção de medidas preventivas, o que contribui para a transmissão silenciosa do vírus. A diferenciação entre HTLV 1 e HTLV 2 é essencial para o manejo clínico, sendo necessários testes confirmatórios específicos, como Western Blot, LIA e PCR. Considerando que ainda não existe cura, a prevenção e a detecção precoce permanecem como as principais estratégias de controle. O HTLV 1 possui um genoma complexo, codificando proteínas estruturais, reguladoras e acessórios que favorecem sua replicação e potencial oncogênico. A transmissão ocorre principalmente por via sexual, sanguínea e vertical, ou seja, mãe-filho, e a presença de coinfecções, como HIV ou Strongyloides stercoralis, pode agravar o quadro clínico. Apesar de sua relevância, o HTLV 1 continua pouco conhecido e frequentemente negligenciado, evidenciando a necessidade de estratégias mais eficazes de diagnóstico, prevenção e políticas de saúde direcionadas aos grupos de maior risco.
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