MUSICOTERAPIA, IMPROVISAÇÃO E ESCUTA: UM ESTUDO SOBRE PRÁTICAS CRIATIVAS CENTRADAS NO SOM
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n53-083Palavras-chave:
Musicoterapia, Improvisação Musical, Orientação MusicocentradaResumo
Este artigo apresenta reflexões e resultados de uma pesquisa conduzida com o Coletivo Sonus, grupo composto por seis musicoterapeutas que, ao longo de 2024, reuniram-se mensalmente para realizar práticas de improvisação musical livre seguidas de debates reflexivos. Teoricamente fundamentado na orientação musicocentrada, em autores como Nordoff e Robbins (1977), Zuckerkandl (1973) e Rudolf Steiner (2012), o estudo articula os conceito de experiência (Bondía, 2022) e de criatividade musical (Schafer, 2011). O estudo investigou as percepções e transformações subjetivas dos participantes ao vivenciarem a improvisação como fenômeno relacional e terapêutico. Os dados foram coletados por meio de gravações e transcrições das discussões realizadas em grupo focal, e analisados segundo a técnica de análise de conteúdo (Bardin, 2011). A análise revelou quatro categorias temáticas centrais: (a) senso de liberdade criativa; (b) superação lúdica do erro; (c) audição acurada; e (d) consciência sobre si. Os resultados apontam para a expansão da compreensão musical dos participantes, para a superação de paradigmas estéticos hegemônicos e para o fortalecimento dos processos terapêuticos mediados pelo som através da improvisação. A prática improvisacional revelou-se espaço privilegiado para a realização de experiências significativas, nas quais escuta, criação e subjetividade se entrelaçam, contribuindo para o aprofundamento clínico e formativo em musicoterapia.
Downloads
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BLACKING, John. How musical is man? 6. ed. University of Washington Press. Seattle and London, 2000.
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In: Revista Brasileira de Educação. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n19/n19a03.pdf>. Acessado em: 12 de junho de 2022
DALTRO, Mônica Ramos e FARIA, Anna Amélia de. Relato de experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade. Estud. pesqui. psicol. [online]. 2019, vol.19, n.1, pp.223-237. ISSN 1808-4281.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição, 2º Reimpressão. São Paulo: Atlas, 2009.
LIESERT, Ruth. Vom Symptom zum Gefühl. Guided Imagery and Music für stationäre Psychosomatik. Wissenschaftliche Schriften der WWU Münster, Reihe XVIII, Band 6 Verlag readbox publishing GmbH – readbox unipress, Münster http://unipress.readbox.ne
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2ª Ed. Rio de Janeiro: E.P.U., 2020.
NORDOFF, Paul; ROBBINS, Clive. Creative music therapy: individualized treatment for the handicapped child. New York: John Day Company, 1977.
PETERSEN, Elisabeth Martins. Ritos de passagem em cuidados paliativos: um relato clínico de improvisação musical para celebrar a vida na iminência da morte. In: GATTINO, Gustavo Schulz. Perspectivas práticas e teóricas da musicoterapia no Brasil. Dallas: Barcelona Publishers, 2021. Cap. 7. p. 135-154
SALES, I; FREIRE, M. A musicalidade clínica do musicoterapeuta musicocentrado: estudo exploratório por meio de entrevistas. Per Musi | Belo Horizonte | v.25 | General Section | e242518 | 2024
SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. Segunda edição, São Paulo: Ed. Unesp, 2011
STEIN BACKES, D. .; SILVEIRA COLOMÉ, J. .; HERDMANN ERDMANN, R. .; LERCH LUNARDI, V. The focal group as a technique for data collection and analysis in qualitative research: DOI: 10.15343/0104-7809.2011354438442. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 35, n. 4, p. 438–442, 2011. Disponível em: https://revistamundodasaude.emnuvens.com.br/mundodasaude/article/view/538. Acesso em: 8 mar. 2025.
STEINER, Rudolf. Os doze sentidos e os sete processos vitais.Trad.: Christa Glass. 4. ed. São Paulo: Editora Antroposófica, 2012
WOITUSKI, M.; BRANDALISE, A.; GATTINO, G.; ARAÚJO, G. A improvisação e o Journal of Music Therapy: houve um período de “surdez” da comunidade mundial em relação ao método? Revista Brasileira de Musicoterapia - Ano XIX n° 22 ANO 2017
ZUCKERKANDL, V. Sound and Symbol: music and the external world. Princeton University Press, New York, second edition, 1973