COMPARAÇÃO DOS CASOS PEDIÁTRICOS DE ESCORPIONISMO INTERNADOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO OESTE PAULISTA
DOI:
https://doi.org/10.56238/levv16n48-018Keywords:
Pediatria, Epidemiologia, Envenenamento, Unidade de Terapia IntensivaAbstract
O escorpionismo é um problema de saúde pública em expansão, com aumento progressivo de casos, mais preocupante em crianças, devido maior chance de gravidade. As manifestações podem variar de sintomas locais a complicações sistêmicas graves, como edema pulmonar e choque cardiogênico, exigindo internação em UTI. A sistematização do atendimento, exame físico adequado e uso quando necessário, do soro antiescorpiônico são fundamentais no manejo e sobrevida, especialmente nos casos graves. Este estudo, retrospectivo, compreendendo 10 anos, de 2012 a 2022, visa analisar o perfil clínico e epidemiológico de crianças vítimas de escorpionismo que foram internadas no hospital de referência do Oeste Paulista, interior do Estado de São Paulo. Foram incluídos pacientes com até 18 anos incompletos e os dados coletados dos prontuários. Dados demográficos, clínicos e laboratoriais, analisando associações entre faixa etária, gravidade, necessidade de internação em UTI, uso de drogas vasoativas e alterações cardíacas. A análise estatística comparou grupos para identificar fatores relacionados à evolução clínica e ao manejo do escorpionismo pediátrico. Foram analisados 208 prontuários de pacientes pediátricos vítimas de escorpionismo, com maior incidência em crianças de 1 a 4 anos. A amostra foi equilibrada entre os sexos e 18% das crianças, necessitaram de internação em UTI. O soro antiescorpiônico foi administrado em diferentes quantidades, sendo mais frequente nos casos graves (χ² (14) = 378,1; p < 0,0001). A leucocitose foi mais prevalente em crianças menores, com diferença estatística entre as faixas etárias (χ² (4) = 14,28; p = 0,0065), enquanto os níveis de CK-MB também foram significativamente mais elevados em crianças mais jovens (χ² (4) = 27,70; p < 0,0001). No entanto, não houve associação significativa entre idade e níveis elevados de CPK (χ² (4) = 7,531; p = 0,1103) ou com a gravidade do quadro clínico (χ² (8) = 6,969; p = 0,5400). A gravidade do escorpionismo esteve associada à necessidade de UTI (χ² (2) = 28,77; p < 0,0001), ao uso de drogas vasoativas (χ² (2) = 21,92; p < 0,0001) e à intubação orotraqueal (χ² (1) = 116,5; p < 0,0001). A presença de alterações cardíacas foi mais comum entre pacientes que receberam drogas vasoativas (χ² (1) = 10,80; p = 0,0010). Entretanto, não houve associação significativa entre leucocitose, CPK ou CK-MB e a gravidade do quadro. O escorpionismo pediátrico demonstrou forte impacto em alteração cardiovascular, especialmente em crianças mais jovens. A necessidade de UTI e suporte intensivo esteve relacionada à gravidade do quadro, reforçando a importância da identificação precoce e do manejo adequado desses pacientes.